Um passo importante na direção da implementação de uma política de recuperação das áreas degradadas para a agropecuária do Ceará foi dado ontem pelo governo do estado, por meio de sua secretaria Executiva do Agronegócio, cujo titular, Sílvio Carlos Ribeiro, reuniu-se com um consultor empresarial com o qual tratou do tema.
Esta coluna tentou, sem sucesso, obter do secretário alguma informação a respeito da reunião, mas ele apenas pronunciou uma frase instigante: “Estamos com sorte e caminhando no caminho certo e na direção certa”.
Seu interlocutor, na mesma linha enigmática, disse: “O Ceará parece haver descoberto um novo nicho de negócio na área da sustentabilidade ambiental”.
Bem, o governo brasileiro, por meio de seus ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente, já revelou que, entre seus objetivos, está a recuperação, no curto prazo, de áreas degradadas, nas quais o agronegócio poderá investir, nos próximos anos, de maneira maciça para produzir mais com menos, usando a melhor tecnologia da Embrapa.
O agro brasileiro tem condições de dobrar sua produção e sua produtividade nos próximos cinco anos, se as áreas degradadas forem, imediatamente, recuperadas por meio de um programa que o Ministério da Agricultura e Pecuária já vem executando com a parceria da Embrapa.
No Ceará, esse esforço, pelo que está no radar das observações empresariais, deverá ser feito conjuntamente pelas secretarias do Desenvolvimento Agrário (SDA), do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Econômico (SDE) e da Ciência e Tecnologia, mas o protagonismo será da que melhor alternativa oferecer para a efetiva recuperação dessas áreas.
Não será uma tarefa fácil, pois exigirá parcerias que poderão ser nacionais e estrangeiras.
Recuperar áreas degradadas da agropecuária cearense exigirá expertise, algo com que já contam municípios do Norte e do Centro-Oeste do país, que contrataram consultorias especializadas.
O governo do Ceará deverá, também, buscar esse tipo de consultoria, com a qual dará maior celeridade aos projetos que se elaborarem com esse objetivo.
Essa recuperação poderá ser feita por meio do plantio de mudas e sementes, uma providência de mais curto ciclo – em dois anos o crescimento das plantas e o restabelecimento da flora estarão assegurados, como assinalam estudos e textos técnicos sobre o tema disponíveis na internet.
Surge a pergunta: de onde virão os recursos que sustentarão os projetos de recuperação das áreas degradadas no Ceará e no Brasil?
Há organismos multilaterais, entre os quais a ONU, dispostos a bancar esses investimentos, que têm tudo a ver com o combate à descarbonização do planeta.
Os governos mais espertos estão correndo em busca desses recursos, e o do Ceará deverá incluir-se nessa corrida. Recuperar áreas degradadas significará um passo adiante – e na direção correta – com o objetivo de dar maior sustentabilidade ambiental aos projetos da agropecuária cearense, públicos ou privados.
Se quiser, e tudo depende de uma decisão política, o governo cearense poderá ser o pioneiro no país no processo intensivo de recuperação de áreas degradadas.
O secretário Sílvio Carlos Ribeiro e o consultor com o qual ele se reuniu ontem manifestaram-se felizes com o resultado da conversa que terá, agora, nova etapa da qual participará alguém diretamente interessado no projeto e com relação estreita com organismos internacionais que dispõem de recursos financeiros para financiá-lo.