Diário do Nordeste

A Linha Leste do Metrofor e a indústria têxtil, juntas e misturadas

Seguem paralisadas as obras de perfuração dos túneis da linha, mas prosseguem os serviços nas estações do Colégio Militar e Nunes Valente. Seinfra atualiza as informações. E a Santana Textiles celebra 62 anos.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 11:58)

Dois assuntos para este segundo sábado deste mês de fevereiro, que, com 28 dias, terá repetido por 4 todos os dias da semana. O primeiro tema é o da construção – que já dura uma dezena de anos – da Linha Leste do Metrô de Fortaleza (Metrofor), que, quando e se estiver concluído algum dia, ligará o centro comercial urbano da cidade ao bairro do Papicu.

O arguto repórter Luciano Rodrigues, um dos craques do Diário do Nordeste e do Sistema Verdes Mares, captou da entrevista concedida pelo secretário de Infraestrutura, Winston Leitão, o detalhe de que há divergências entre o governo do Estado e o Consórcio FTS, empreiteira responsável pela execução das obras. Isto poderá levar ao rompimento do contrato. Em linguagem de arquibancada: é possível que se realize uma nova licitação.

Obra pública no Brasil, infelizmente, tem festa na assinatura da Ordem de Serviços; tem briga ferrenha, durante o contrato, por aditivos que reajustem os preços; tem rescisão do que foi pactuado; tem nova concorrência; e, consequentemente, tem atraso no cronograma dos serviços. Isto é da tradição do serviço público deste país que mistura o interesse público com o privado e dá nisso que se observa na Linha Leste do Metrofor.

Este colunista, depois de visitar na véspera a obra de perfuração dos túneis paralelos, escreveu o seguinte no dia 1º de maio do ano passado: “Enquanto os técnicos da indústria norte-americana Robbins, que as fabricou, trabalham na manutenção das duas tuneladoras que abrem os túneis 1 e 2 da Linha Leste do Metrofor, prosseguem em ritmo acelerado os trabalhos de ampliação da Estação Chico da Silva, no centro da cidade, e de construção das outras três – Colégio Militar, Nunes Valente e Papicu.” Isto foi há 9 meses, quando tudo estava a indicar que seguia rigorosamente em dia o cronograma da obra, incluindo o seu desembolso financeiro. Ledo engano. De lá para cá, houve – e está havendo – progresso na construção das estações do Colégio Militar e da Nunes Valente. E só. Os túneis estão como estavam em maio de 2024: paralisados a 34 metros abaixo da Catedral Metropolitana. Dos 7 mil metros da Linha, só 1.300 metros estão prontos.

Agora, o secretário Winston Leitão – irmão do prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão – anuncia que, em 2028, a Linha Leste do Metrofor estará concluída. Coincidência ou não, 2028 será um ano de eleição (ou reeleição) municipal. Antes, haverá eleição (ou reeleição) do governador do Estado.

Se avançarem neste e nos próximos três anos, as obras desse portentoso empreendimento – importantíssimo para a mobilidade urbana desta que é a quarta cidade brasileira em população – avançará, também, a chance de reeleição do governador Elmano de Freitas e do prefeito Evandro Leitão. Simples assim.

Uma nova licitação para a construção do que resta a fazer para a conclusão da Linha Leste do Metrofor – e resta muito – deixará alegres e ouriçadas as grandes empresas da construção pesada do Ceará, que estão prontas para executar o restante da obra.

SEINFRA ATUALIZA AS INFORMAÇÕES E ESCLARECE

Sobre o assunto, rápida no gatilho, a assessoria da Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado informa e esclarece, em negrito:

1 - As obras de escavação dos dois túneis da Linha Leste do Metrofor prosseguem normalmente.

2 - As duas tuneladoras operam dentro da normalidade - a primeira retomou a escavação em agosto do ano passado; a segunda, em dezembro.

3 - Agora ambas estão avançando no ritmo previsto em direção à Estação do Colégio Militar. 

SANTANA TEXTILES CELE BRA 62 ANOS DE PLENA ATIVIDADE

O segundo tema de hoje são os 62 anos de atividade que nesta semana celebra a Santana Textiles, uma das maiores indústrias de fiação e tecelagem do Brasil. Hoje, a empresa fundada por Raimundo Delfino Filho é uma gigante nacional do setor que ultrapassou as fronteiras brasileiras e tem hoje, também, uma grande unidade industrial na cidade de Resistência, capital da Província do Chaco, no Nordeste da Argentina.

Este colunista esteve presente, em 2008, à inauguração da planta da Santana Textiles em Resistência, em solenidade que teve a presença da então presidente da República Argentina, Cristina Kirschner. A fábrica é uma das maiores e mais modernas da indústria têxtil argentina, empregando quase meio milhar de pessoas.

Hoje, a Santana Textiles trata de verticalizar sua produção por meio do investimento no cultivo de sua matéria prima, o algodão. Neste momento, a empresa de Raimundo Delfino planta e colhe algodão de alta qualidade na sua Fazenda Nova Agro, na geografia de Limoeiro do Norte, na Chapada do Apodi. Análises feitas pelo laboratório do Centro de Excelência da Indústria Têxtil da Fiec, instalado e em operação no bairro de Parangaba, em Fortaleza, já revelaram que o algodão da Nova Agro tem a mesma fibra longa do similar produzido no Egito, considerado o melhor do mundo.

“Estamos em marcha batida na busca da autossuficiência. Não é nem será fácil, mas estamos decididos a alcançar esse objetivo, e para isso estamos alinhados com a melhor tecnologia da Embrapa. Se o governo do estado e a Enel nos garantirem boas estradas e energia elétrica com permanente e boa tensão, não temos dúvida de que chegaremos lá”, resumiu Raimundo Delfino.