Açude Lontras não é prioridade do Governo. Falta demanda

Para o secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, prioritária é a duplicação dos Sifões do Eixão das Águas. O Lontras custará R$ 600 milhões. Leia mais: "M. Dias Branco e a Sustentabilidade

Legenda: Vista aérea de um trecho do Eixão das Águas, uma das grandes obras hídricas do Ceará
Foto: Governo do Estado / Divulgação

Empresários da agricultura, da floricultura, da fruticultura e da tilapicultura da Chapada da Ibiapaba mobilizam-se no sentido de pressionar o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), a colocar em licitação o projeto de construção do açude Lontras, com o qual será garantido o fornecimento de água para a população das cidades ibiapabanas e, também, para as atividades econômicas. 

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Ele substituirá o Jaburu, que, por problemas nas suas fundações, fincadas sobre rocha arenítica, exige, constantemente, serviços de tratamento, como acontece neste momento. 

O açude Lontras é um sonho antigo daquela região do Noroeste cearense, em cujo solo, em se plantando, tudo dá, inclusive soja, milho, mirtilo, abacate, tomate, pimentão e trigo. 

O projeto da barragem do Lontras está pronto desde 2014, segundo informa o secretário da Recursos Hídricos, Francisco Teixeira. 

“Sua construção custará investimento de cerca de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões, e o governo do Ceará, sozinho, não tem condições de bancá-lo. Será necessário, então, buscar apoio federal”, avisa Teixeira a quem interessar possa. 

O secretário lembra que o Lontras é um empreendimento importante na área dos recursos hídricos do Ceará, cujo governo, porém, tem outras prioridades, como, por exemplo, a duplicação dos sifões do Eixão das Águas, assim como boa parte do Projeto Malha Dágua. 

Francisco Teixeira é franco ao falar sobre o assunto:

“Não existe, hoje, demanda para o Lontras. Além disso, seria necessária a construção de uma adutora, o que exigiria o bombeamento de suas águas para levá-las para as cidades e para as zonas agricultáveis da Ibiapaba, uma vez que a barragem se localizará na descida da Chapada, em direção ao Piauí. Em resumo, neste momento, pela dificuldade de obter os recursos necessários à sua construção, a barragem do Lontras não é viável”.

O Lontras barrará o rio Inhuçu e será construído com um misto de terra e enrocamento com núcleo argiloso. Sua capacidade de represamento será de 347,1 milhões de metros cúbicos. Terá, no coroamento, extensão de 1.150 metros (1,1 km) e largura de 9 metros. Sua altura máxima será de 57 metros (a altura da barragem do Castanhão tem 60metros). 

O açude Lontras terá múltiplas finalidades, a principal das quais será dar garantia de abastecimento às populações das cidades da Serra da Ibiapaba. Seu espelho d’água poderá, também, servir à criação de tilápia e, ainda, à irrigação das fazendas de produção da hortifruticultura e da floricultura, que crescem lá em alta velocidade.

Ontem, esta coluna revelou que o açude Jaburu – que foi construído em 1980 com capacidade de 210 milhões de metros cúbicos de água – represa hoje apenas 75 milhões de metros cúbicos, não podendo alcançar sua quota máxima por causa, exatamente, dos problemas geológicos da geografia em que foi implantado. 

Diante disso, e levando-se em conta que a Ibiapaba se torna, no ritmo do frevo, uma nova fronteira agrícola do Ceará, urge a construção de uma nova barragem na região, e o Lontras é a alternativa correta e de menor prazo de construção. 

Ontem, um grande agricultor mandou a esta coluna a seguinte mensagem, a propósito da situação do Jaburu e da boa perspectiva do Lontras:

“Se temos, na Chapada da Ibiapaba, somente o Jaburu e ele tem algum risco por causa da geologia de suas fundações, precisamos de uma intervenção maior do governo. Em linguagem mais clara: precisamos de uma nova barragem para enchê-la de água e com ela desenvolver ainda mais a produção rural da Ibiapaba. Isso seria alcançado com outro açude já projetado para a serra, que é o Lontras.”

M. DIAS BRANCO E A SUSTENTABILIDADE

Informa a cearense M. Dias Branco, líder do mercado nacional de massas e biscoitos:  

A empresa ampliou o escopo do seu Comitê de Governança Corporativa para abranger, também, pautas ambientais e de sustentabilidade, transformando-o em Comitê ESG. 

Além disso, elaborou uma nova Agenda de Sustentabilidade, considerando a visão de diversos stakeholders para a definição de temas que estarão em foco até 2030.  

As preocupações com as mudanças climáticas, diversidade e inclusão e empreendedorismo de comunidades do entorno passam a compor a agenda da companhia.