Ações da Petrobras derretem na Bolsa por temor da volta de políticos à estatal

Mercado não gostou de saber que o estatuto da empresa mudará para permitir indicação de políticos para o seu alto comando administrativo

Legenda: As ações preferenciais da Petrobras desabaram ontem, segunda-feira, 23, mais de 6% no pregão da Bolsa B3
Foto: Shutterstock

Menos de uma semana depois de o seu presidente Jean Paul Prates postar em uma rede social uma mensagem de felicidade pela performance da empresa, cujas ações haviam ultrapassado a casa dos R$ 40 e seu valor de mercado alcançara R$ 500 bilhões, a Petrobras viu ontem o derretimento dos seus papeis na Bolsa de Valores brasileira B3.

O mercado não gostou nem um pouco de um informe publicado pela Petrobras, segundo o qual o seu Conselho de Administração aprovou a revisão da política de indicação de membros da alta administração e do Conselho Fiscal”, com o que será permitida a nomeação de políticos para cargos de sua diretoria. 

Os investidores entenderam que essa providência será o primeiro passo para devolver a Petrobras a um passado recente de escândalos que envolveram a maior estatal brasileira e que quase a levam à bancarrota.

Resultado: as ações ordinárias da Petrobras fecharam ontem na Bolsa B3 em queda de 6,03%, negociadas a R$ 38,35; as ações preferenciais, por sua, tiveram queda maior, de 6,61%, sendo negociadas a R$ 35,35. 

Para agravar o cenário, o preço internacional do petróleo do tipo Brent, referenciado pela Petrobras e negociado na Bolsa de Londres, caiu 2,53%, descendo dos US$ 91 da véspera para US$ 89,83. Hoje, porém, o preço do petróleo voltou a subir: ele está sendo negociado em Londres a US$ 90 por barril para entrega no mês de dezembro.

Os analistas do mercado financeira viram no comunicado da Petrobras a possibilidade de o governo voltar a interferir na empresa, indicando políticos e não técnicos para os seus postos de comando. Isso seria um completo retrocesso. 

Hoje, a Petrobras é dirigida por técnicos, incluindo o seu presidente, Jean Paul Prates, que é engenheiro especializado em óleo e gás, tendo pertencido aos quadros da estatal durante quase toda sua carreira. Posteriormente, Prates elegeu-se suplente da senadora Fátima Bezerra, que, eleita para o governo do Rio Grande do Norte, abriu a vaga para ele.

No Senado, Jean Paul Prates teve atuação destacada em todos os temas relativos ao setor de energia, tendo sido autor e relator de vários projetos que foram aprovados ou ainda estão em discussão na casa.

Na tentativa de acalmar o mercado, a Petrobras disse em nota divulgada no meio da tarde de ontem que a ideia de mudar o seu estatuto tem o propósito de mantê-lo bem alinhado à chamada Lei das Estatais, que contém normas que regem a indicação de pessoas para os quadros de comando das empresas estatais.

Mas esse comunicado também não repercutiu bem entre os investidores, e os papéis da Petrobras continuaram caindo e encerraram o dia em queda forte. 

A Bolsa B3 fechou em queda de 0,33%, aos 112.784 pontos.

O dólar, por sua vez, encerrou o dia cotado a R$ 5,01, com queda de 0,29%.

Veja também