A China pode realizar os sonhos dos brasileiros

Os chineses têm alta expertise em ferrovias, com cerca de 50 mil Km de linhas por onde circulam trens que alcançam até 600 km por hora. Por que não chamar os chineses para projetar e construir, em dois anos, o trem bala Rio-São Paulo?

Legenda: Foto de um trem bala chinês, que chegam a alcançar velocidade de 600 Km por hora
Foto: Divulgação

Na China, o mesmo ideograma que significa risco, perigo e caos também quer dizer oportunidade. Hoje, os chineses são o que são porque Deng Xiao Ping, que governou o país com mão de ferro de 1978 a 1992, empreendeu um conjunto de reformas que modernizaram sua economia, abrindo-a para os investimentos estrangeiros, principalmente norte-americanos. 

Seguindo seu exemplo e usando o mesmo férreo comando, o atual presidente Xi Jinping, no poder há 11 anos, já fez da China a segunda economia do mundo. Mas, agora com mais poderes a ponto de ganhar um novo mandato que poderá ser renovado enquanto for isto necessário, Xi Jinping, já considerado o mais proeminente estadista vivo, quer mais. 

Paciente e silenciosamente, ele vai ampliando seu grande projeto estratégico de alcance mundial – a rota da seda, que já chegou à América Latina – no qual o governo chinês investe em várias frentes da infraestrutura, como a da energia e a dos transportes nos seus modais ferroviário e rodoviário – depois de haver pousado na África e na Ásia. 

Deve ser lembrado que, para o povo da China, tudo o que está sob o sol faz parte do império chinês. Principalmente a ilha de Taiwan, para onde fugiu, em 1949, o derrotado exército do generalíssimo Chiang Kai Shek, impiedosamente escorraçado pelo de Mao Tsé- Tung, que, vitorioso, impôs sua Revolução Cultural, sob a qual, porém, o país regrediu. Foi Deng Xiao Ping que enfrentou e venceu a guerra interna no PC chinês, reorientando o caminho político e econômico do partido e do país. 

No continente latino-americano, o governo da China e suas estatais já atuam muito fortemente, tendo parceria estratégica com Argentina, Brasil, México e, obviamente, Venezuela. Com a Costa Rica, o Peru e o Chile, o governo chinês tem acordos de livre-comércio, e isto é fruto da geopolítica liderada por Xi Jinping.

Todo este longo nariz de cera é para alicerçar a ideia de que o Brasil e sua política externa devem privilegiar não só a relação com o Ocidente – os Estados Unidos e a União Europeia à frente – mas também com a China, para cujo mercado de 1,4 bilhão de consumidores já exportamos commodities minerais e agropecuárias, mas precisamos ampliar essa pauta exportadora incluindo nela produtos manufaturados, de maior valor agregado.

A Agrícola Famosa fez há dois anos um esforço para exportar melão e melancia para a China. A experiência deu certo, mas a logística de transporte revelou-se tão complicada que a operação – se continuasse – daria prejuízo pela falta de uma escala semanal de navio para levar a carga direto para os portos chineses, uma viagem de 30 a 35 dias. Assim, em vez da China, a Agrícola Famosa reorientou seu esforço para o Oriente Médio e para novos mercados da Europa, além dos EUA e Canadá. 

A indústria brasileira, que reclama dos importados, já deveria estar produzindo placas solares fotovoltaicas para atender à crescente demanda de energia renovável. Como ela só reclama e não produz, os projetos tupiniquins de geração de energia solar têm de usar placas solares importadas da China. O Ceará tem matéria-prima que pode abastecer uma futura indústria de placas solares. Falta quem, com ousadia e capital, se disponha a investir nesse negócio de rápido e garantido retorno.

Brasil e China são governos que, ideologicamente, têm algo em comum, o que os torna, naturalmente, parceiros em projetos da economia. Os chineses têm expertise em áreas nas quais os brasileiros ainda patinamos, como o das modernas e rápidas ferrovias. 

A China tem cerca de 50 mil quilômetros de ferrovias de alta velocidade – o trem mais rápido do mundo é chinês, ele corre a 600 km por hora. A velocidade média dos trens-bala chineses é de 350 Km. 

Por quê, então, o Brasil não traz a China para construir (em menos de dois anos) a sonhada ferrovia ligando a cidade de São Paulo à do Rio de Janeiro? Os chineses projetariam, construiriam (sem a interferência de políticos) e operariam a ferrovia. 

Em tempo: uma viagem de trem carregado de combustível desde o Porto do Pecém até o Porto de São Luís do Maranhão dura 48 horas. Acreditem, que é vero.

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