O ‘Patinho Feio’ quer fazer história

Leia a coluna de Denise Santiago desta quarta-feira (21)

Escrito por
Denise Santiago producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 10:32)
Legenda: O Maracanã perdeu o jogo de ida no Beira Rio por 1 a 0
Foto: Ricardo Duarte / Internacional

Essa expressão foi dita por Júnior Cearense, técnico do Maracanã, um dia antes do primeiro jogo da terceira fase da Copa do Brasil. O “patinho feio” foi gigante: suportou firme a pressão do Internacional, cresceu na disputa de pênaltis — com Rayr, grande destaque da equipe, defendendo a cobrança de Alan Patrick — e, nos minutos finais, apenas um gol de Gustavo Prado deu a vitória aos colorados no Beira-Rio. Com o placar de apenas 1 a 0, o “patinho feio” segue vivo e determinado a fazer história.

Nesta quinta-feira, será escrito o capítulo final desse momento histórico. Fora de casa, Júnior Cearense tentará surpreender no estádio Orlando Scarpelli. A venda do mando de campo teve como objetivo arrecadar recursos — e já é um feito histórico por si só. Até aqui, o time cearense faturou mais de R$ 4 milhões na competição. Mas este momento marcante na Copa do Brasil não se resume apenas ao aspecto financeiro. Trata-se também de um feito moral e social, que mostra que equipes menores podem competir de igual para igual com os grandes clubes do futebol brasileiro.

Fundado há apenas 20 anos, o Maracanã saiu da terceira divisão do campeonato estadual. Sem estrutura, era considerado um time de várzea, mas sempre manteve um trabalho sério, sonhando com mais, buscando seu espaço. Aos poucos, foi ganhando expressão no futebol cearense, sendo atualmente considerado a "terceira força" do estado.

Sob o comando de Júnior Cearense desde 2023, o time de Maracanaú conquistou o terceiro lugar no Campeonato Cearense nos anos de 2024 e 2025. Em 2023, chegou às quartas de final, e atualmente disputa a Série D do Campeonato Brasileiro.

O Caminho na Copa do Brasil

Na primeira fase, o Maracanã eliminou o Ferroviário, outro representante do Ceará, e garantiu R$ 1 milhão (além dos R$ 830 mil pela participação). Na segunda fase, superou o Ceilândia nos pênaltis, conquistando mais R$ 2,315 milhões. No total, já são mais de R$ 4 milhões arrecadados — valor considerável, especialmente para uma folha salarial de apenas R$ 250 mil.

Esses recursos têm sido fundamentais para garantir o pagamento de salários, melhorar a estrutura do clube e construir um Centro de Treinamento. Quem passava por Maracanaú há alguns anos e via um campo simples de treinos da terceira divisão cearense, talvez não imaginasse que, pouco tempo depois, o clube estaria estruturado, disputando uma fase decisiva da Copa do Brasil contra o Internacional, no Beira-Rio — e pela primeira vez no Sul do país.

Sabemos que, em termos técnicos e financeiros, o jogo é “desleal”. Mas o Maracanã mostra que, com organização, esforço e atenção a cada detalhe, é possível sonhar e competir.

Nós, cearenses, desejamos sorte — e vida longa — ao Maracanã!

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