Trabalhei em uma única empresa e não sei se estou preparado para a mesma posição no mercado

Legenda: Monitoramento de carreira deve ser feito pelo profissional
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É comum encontrar profissionais que entram na organização em cargos operacionais e crescem hierarquicamente ao longo do tempo. O que muitos ficam em dúvida é se evoluíram com base somente no que a empresa precisa ou se estão preparados para desafios na mesma posição em outras organizações. Essa insegurança faz sentido? Como lidar com esta situação para se manter competitivo?

Inicio o texto com uma história real e recente. Um contexto com o qual você pode se identificar e, com isso, refletir sobre as opções escolhidas pela personagem principal. 

A insegurança de Lucas

Lucas é administrador, tem 36 anos, casado e pai dois filhos. Trabalha como gerente de operações de uma rede de restaurantes. Entrou na empresa como jovem aprendiz aos 19 anos e desde então construiu sua carreira até a posição atual. 

Era uma terça-feira comum, quando recebi a ligação de Lucas. Um outro mentorado havia indicado meus serviços para uma mentoria de carreira. Normalmente, gosto de agendar uma primeira conversa para entender o cenário do profissional e identificar se, realmente, poderei ajudar. Já no telefonema ele não se conteve, externou sua insegurança e conversamos por mais de trinta minutos. 

D – Lucas, percebi que você tem uma carreira sólida dentro da empresa X. O que está te deixando inseguro?

L – Delania, a empresa está passando por uma reestruturação. Alguns profissionais foram trocados e isso me preocupou. O último tinha o mesmo tempo de empresa que eu e isso mexeu comigo. Pensei imediatamente: “se fosse eu, seria fácil conseguir um outro emprego na mesma posição ou em cargos de gerência, ganhando a mesma faixa salarial?”. Foi nesse momento que tudo ficou muito confuso para mim. Desabafando com um colega, ele indicou que eu procurasse ajuda profissional e indicou você.

Agendei uma entrevista para a mesma semana e, finalmente, no dia agendado, recebi Lucas no escritório. A conversa foi superprodutiva e alguns detalhes chamaram-me a atenção.

D – Lucas, fale-me um pouco sobre as transições da sua carreira, exatamente dos momentos em que você foi promovido, relatando como aconteceu e como foi a adaptação ao novo desafio. 

Lucas falou sobre cada evolução, porém, percebi que quando discorria sobre como assumiu os cargos e sua adaptação, demonstrava que os processos de transição foram desorganizados e que não fora preparado para cada novo desafio. Concluiu:

L – Bem, Delania, é isso! Tenho três situações que estiveram presentes nesses momentos de promoção. Já fui indicado por quem saiu em duas situações; assumi interinamente e com o tempo acabei sendo formalizado no cargo; e participei de uma seleção interna para o primeiro cargo de gestão. 

D – Entendi Lucas, mas, ainda não ficou claro o que você deseja. Você quer sair da empresa ou desenvolver um plano de desenvolvimento individual focando não só no cargo que ocupa hoje, mas para estar preparado para outra oportunidade de crescimento profissional?

L – A segunda opção! Gosto da empresa atual, porém, quero ser um profissional consciente do que posso alcançar na carreira. 

O relato de Lucas ilustrou bem os motivos que fortaleciam a insegurança dele. Depois de ouvi-lo, elaborei a proposta de mentoria para que, juntos, pudéssemos alcançar os seus objetivos. Deu certo!

Onde estão os “erros” nessa situação?  

Achar que pode não ser competente ou competitivo por ter trabalhado em uma única empresa é um erro. Os aprendizados de carreira, assim como o desenvolvimento de competências, não estão relacionados somente à pluralidade de empresas. O que realmente faz a diferença é como agimos diante de cada passo na carreira, seja com erros ou acertos, e como nos preparamos tendo como base o que o contexto do mercado nos diz. 

Lucas ficou preocupado somente quando a empresa iniciou um processo de reestruturação de processos e equipes, e isso acontece com muitos profissionais na mesma situação. Algo precisa acontecer para gerar insegurança e, consequentemente, provocar a saída da zona de conforto que não agrega nem faz evoluir. 

A carreira é de responsabilidade do profissional e não somente da empresa. Se sou promovido, independentemente de ser preparado para este passo ou não, posso buscar alternativas de desenvolvimento focando nos desafios do novo cargo e, também, nas tendências de mercado naquela área de atuação, assim como solicitar feedback ao líder, a fim de entender a situação.

A empresa, por sua vez, além de não possuir um processo claro para definição de promoções internas, nunca deixou claro ao Lucas, os porquês de suas tomadas de decisão. Lucas não recebeu um feedback do seu gestor, com foco numa análise do seu histórico profissional, incluindo aspectos positivos e negativos, tampouco um feedforward, diálogo que foca nas perspectivas do futuro de carreira, assim como sugestões de ações de desenvolvimento e melhoria.

Segundo estudo de 2023 do Fórum Econômico Mundial, 81% das empresas entrevistadas afirmaram que vão investir em ações de aprendizagem e treinamento para preparar os seus colaboradores para as novas demandas do mercado. Embora exista um movimento em torno da criação de um ambiente de transformação de habilidades, cabe ao profissional buscar o seu próprio desenvolvimento.

Estou nessa situação, o que devo fazer? 

Zoom out (olhar de longe) e Zoom in (olhar de perto), movimentos importantes para um profissional com o mesmo histórico do Lucas. Seguem algumas dicas:

  1. Olhe o contexto do mercado de trabalho (Zoom out), principalmente as tendências no mesmo ramo de atuação da empresa em que trabalha ou qualquer outro de sua preferência, para identificar as melhores práticas, as habilidades que estão em alta e as transformações tecnológicas. 
  2. Participe de eventos e se conecte com outros profissionais. Isso o ajudará a entender o que está acontecendo e, consequentemente, a antever possíveis movimentos do mercado.
  3. Identifique pesquisas que possam fornecer informações de mercado: avanço da IA, empregabilidade, crescimento do segmento, aquisições e fusões. 
  4. Olhe sua empresa de “fora” sem emoção e apego a sua história. Procure sinais que indiquem para onde a empresa está caminhando.

Importante: pesquise outros segmentos de sua preferência e que estejam alinhados ao seu perfil e aos objetivos de carreira.

Dê um Zoom in para identificar como você está considerando todas as informações coletadas: 

  1. Suas competências (Hard, Soft e Mad Skills) estão alinhadas com as tendências de mercado?
  2. Que conhecimentos você precisa aprofundar ou aprimorar? Quais cursos ou formações podem proporcionar isso?
  3. Que práticas você precisa desenvolver ou eliminar do seu dia a dia?
  4. Quais conexões são importantes para um networking de qualidade? 
  5. Solicite um feedback ao seu gestor e investigue quais são as perspectivas para o futuro.
  6. Repense os seus objetivos de carreira. O que você quer? Em quanto tempo? 
  7. Faça um plano de desenvolvimento individual e aja! 

O que limita o crescimento profissional não é a quantidade de empresas pelas quais você passou, e sim como foi sua atitude ao longo da jornada. Ainda há tempo! Reveja como está lidando com a sua carreira.

Não confie nas “oportunidades” que podem surgir, aja intencionalmente! Crie oportunidades com base no que deseja para sua vida pessoal e profissional.

Lembre-se:
“Os fazedores são os maiores pensadores. As pessoas que criam e mudam a indústria são pensadores e fazedores em uma só pessoa.” Steve Jobs

Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre os assuntos. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu instagram: @delaniasantoscoach

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Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima! 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.

 

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