Nesse meados de janeiro, quase todo mundo tem por perto uma criança que voltou às aulas ou se prepara pra iniciar essa trajetória quase sem fim que é cruzar os portões da escola
Ninguém quer ser criança quando é criança. Aí se sofre porque vai crescer. O tempo passa e estar criança volta a ser bom de novo porque as férias sempre chegam. Não importa o que você faça na vida, se estuda pouco ou muito. Se as aulas são alento ou perdição. Há sempre o tempo em que o recesso chega. Então, a criança/adolescente esquece, por uns dias, a obrigação que tem de aprender, e pode brincar. E brincar é bom, claro. Aprender que é o desafio.
O fato é que bom mesmo é ir pra escola. Pra aula, nem sempre. Aprender a tabuada, somar é lucro. Dividir é caos. Português, redação. A história da vida. Aprendi que a matemática me atravessou, fez-me geografia nessa intensa travessia. Mas ciência nenhuma explica a dualidade entre riso e pranto que são os nossos anos na escola. Dias de drama, dias de luz.
Nesse meados de janeiro, quase todo mundo tem por perto uma criança que voltou às aulas ou se prepara pra iniciar essa trajetória quase sem fim que é cruzar os portões da escola. É mochila, é lancheira, é caderno e caneta. Aí as recordações vêm. Do lado de cá, o tempo daquele drama, daquele caos viram apenas riso. A gente bem sabe: ir à escola é bom, mas aprender por lá realmente precisa ser a meta. Porque agora a escola da vida é clichê.
Depois que a gente cresce, é como se essa volta às aulas de janeiro (ou agosto) não tivesse dia e hora pra acontecer. De repente, a gente se vê imerso na rotina que é ser luz diante de outros momentos-luzes, pessoas-luzes, escolha-luzes. Mas é também ter que manter o uns e outros brilhos mesmo em meio ao que há de sombra em nós, ao nosso redor.
Nas férias da escola, todo mundo está de férias também. A colega de classe, o vizinho, os primos. Nada parece mesmo ser obrigação, até a hora que toca novamente o sinal. E o recreio, por exemplo, é sempre pouco, porque o sinal toca e tudo precisa se ajeitar novamente entre mesas e carteiras.
Na escola da vida, também há tempo de férias. Aquelas que a gente se dá, aquelas que a vida nos oferta. Gratidão! É preciso aproveitar ainda que ao nosso redor ninguém mais tenha sido coroado com a folga dos alívios. E cada um tem suas férias na escola da vida: a dos boletos, dos dilemas de família, da falta de emprego. A dos medos, pesos e culpas...
Mas isso a gente percebe quando presta bem atenção nas tréguas da rotina. Descanso, devaneio. Aulas de existência. Agora, nossas férias são nossos refúgios, entre idas e vindas na nossa rotina de ter que aprender, precisar ensinar. Ainda bem que [em tempo] a gente descobre nossos alívios. Que sorte! A escola da vida realmente é um clichê.