Transformação Digital 2.0: entendendo a maior oportunidade de negócios desde a criação da internet
Imagine sua empresa, conectada 24/7, para além de qualquer fronteira, com sistemas cada vez mais automaticamente adaptáveis. Seja bem-vindo a uma nova era dos negócios
Era o início dos anos 2000, final da primeira década, uma época em que as pessoas deixavam de usar a rede social Orkut e migravam para o Facebook no Brasil. Naquele momento, o SMS ainda era uma das tecnologias mais utilizadas para troca de mensagens.
Eu vivi de perto este período na indústria de mídia, um momento cujo produtos e serviços com custo computacional baixo foram um dos primeiros a serem afetados pelas ondas de disrupção digital.
Quando falamos de custo computacional, estamos nos referindo ao espaço em disco necessário para armazenar informações, bem como à velocidade de processamento e transferência dessas informações. O texto, sendo uma forma de conteúdo que exige relativamente pouco espaço e tem um custo de transferência baixo, se encaixa perfeitamente nesta categoria.
A capacidade de digitalizar, armazenar e distribuir grandes volumes de texto a um custo mais baixo abriu as portas para novos modos de disseminação de notícias e informações.
Empresários visionários já vislumbravam um futuro movido pela tecnologia e buscavam formas de manter suas empresas sustentáveis e competitivas, surgindo ali, mesmo que timidamente, o conceito de Transformação Digital.
Quase duas décadas depois, reconhecemos que a Transformação Digital não foi meramente uma tendência passageira, mas uma série de evoluções que se desenrolaram rapidamente, pressionando empresas a se adaptarem continuamente para se manterem relevantes.
Convido você a refletir:
Quando você migrou do Facebook para o Instagram? Em qual data você deixou de trocar mensagens via SMS e passou a trocá-las via WhatsApp?
É provável que você não se lembre.
Isso ocorre porque a tecnologia se integra às nossas vidas de maneira fluida e veloz. Sem que percebamos, nos encontramos imersos em uma nova onda tecnológica - e o mesmo acontece com nossos clientes.
Por esse motivo, não é suficiente apenas possuirmos uma compreensão na perspectiva de clientes; é absolutamente crucial que enxerguemos essas tendências sob o prisma dos negócios.
Agora, estamos à beira de uma evolução ainda mais significativa:
A Transformação Digital 2.0
Para entendermos essas mudanças, vale, antes, explorarmos seus pilares.
Transformação Digital 1.0 - digitalização, desintermediação e mídias sociais:
A Transformação Digital 1.0 foi um divisor de águas no cenário tecnológico e empresarial. Em sua essência, essa fase foi caracterizada pela digitalização de conteúdo e informação, o que proporcionou uma desintermediação de muitas cadeias de valor tradicionais. Esse fenômeno permitiu que empresas eliminassem intermediários em seus processos, otimizando a produção e reduzindo custos de operação.
Em um nível prático, isso se traduziu em uma série de inovações disruptivas. Documentos físicos começaram a ser convertidos para formatos digitais, tornando a busca e compartilhamento de informações muito mais rápido e eficiente. Processos que antes dependiam de intervenção humana ou de sistemas analógicos foram automatizados, acelerando fluxos de trabalho e reduzindo erros.
Além da otimização de processos já existentes, a Transformação Digital 1.0 abriu portas para a criação de novos negócios e modelos de operação totalmente digitais. Empresas passaram a explorar novas formas de interagir com seus clientes, oferecendo produtos e serviços adaptados às demandas do mundo digital.
O ambiente online tornou-se uma plataforma dinâmica, onde qualquer pessoa poderia ser produtora e consumidora de conteúdo simultaneamente, dando voz a milhões de usuários e criando uma nova forma de interação e comunicação. Foi nesse contexto que as redes sociais, exemplificadas pelo Facebook, se destacaram, remodelando a interação digital global. A forma como consumimos notícias, fazemos compras e interagimos com outras pessoas foi revolucionada.
Além de avanços sociais e ganhos operacionais, a Transformação Digital 1.0 foi instrumental na reinvenção de modelos de negócios. Empresas pioneiras, como Uber, iFood e Airbnb, capitalizaram sobre a revolução dos smartphones e processamento em nuvem para desintermediar indústrias inteiras através de crowdsorcing para ganhar escala mundial. Elas ilustram a agilidade e inovação possíveis no novo ambiente digital, onde a desintermediação se tornou a norma, otimizando processos e cortando custos de maneira significativa.
Com a cloud computing ou computação em nuvem, ao invés de depender exclusivamente da capacidade de dispositivos individuais, tarefas puderam ser terceirizadas para servidores poderosos. Empresas como a Microsoft e Amazon passaram a oferecer soluções computacionais resilientes, com alta capacidade e baixa latência, dando origem à indústria de soluções SaaS, que elimina a necessidade de empresas comprarem e atualizarem licenças de software.
Embora várias outras tecnologias disruptivas, como a Realidade Aumentada (AR) e Inteligência Artificial (AI), e a Internet das Coisa (IoT) ainda estivessem em estágios iniciais e não tivessem alcançado adoção em massa, a semente para inovações futuras já estava plantada.
Em resumo, a Transformação Digital 1.0 não foi apenas sobre a adoção de novas tecnologias, mas sobre uma mudança fundamental na mentalidade e na estrutura das organizações. Ela converteu os processos digitais inovadores da internet dos anos 90 em uma realidade diária para empresas até então analógicas. Foi o início de uma jornada que continua a moldar nosso mundo, com empresas e indivíduos se adaptando e evoluindo constantemente em resposta às novas possibilidades trazidas pela era digital.
Transformação Digital 2.0 - propriedade, automação e comunidade:
A Transformação Digital 2.0 simboliza uma evolução notável na maneira como compreendemos e interagimos com o mundo digital. Se na primeira fase a ênfase estava no acesso e consumo em larga escala de conteúdo digital, agora a dinâmica avança para a real propriedade digital. Isso é evidenciado pela emergência de tecnologias descentralizadas, como o blockchain, que proporciona segurança e transparência a processos e movimentações financeiras em redes públicas, reforçando o conceito de posse digital.
Com a Internet das Coisas (IoT), o mundo físico e o digital estão cada vez mais entrelaçados. Sensores captam informações em tempo real, permitindo uma coleta de dados em larga escala, o que revoluciona a forma como negócios operam e tomam decisões. Através de soluções de IoT, torna-se possível o monitoramento em tempo real de cadeias inteiras de valor, desde a produção e transporte até a comercialização para o cliente final, eliminando perdas com desperdício e garantido a proveniência dos bens comercializados. Algo impossível de se contemplar até alguns anos atrás.
A relação entre marcas e consumidores também está evoluindo. A popularização do blockchain possibilita a posse real e incontestável de ativos digitais, fazendo com que consumidores passem de meros consumidores anônimos para participantes ativos de comunidades formadas em torno de suas marcas favoritas, o que exige um novo olhar sobre a gestão das mídias sociais e canais de comunicação com o cliente. Afinal, agora eles não apenas consomem, mas também contribuem, interagindo diretamente com empresas e moldando produtos e serviços através de uma relação mutuamente benéfica que gera novas fontes de receita.
A complexidade deste cenário traz como aliada o avanço da inteligência artificial. Ela ajuda a filtrar, analisar, automatizar e atuar com base nas vastas quantidades de dados gerados nos últimos 30 anos de internet, tornando o mundo caótico de informações mais compreensível e acessível.
Talvez a invenção mais poderosa desde o domínio do fogo, a IA chega em um momento propício no qual o avanço tecnológico atinge um ritmo tão frenético que se torna impossível para o ser humano acompanhar. Como disse o autor americano Arthur C. Clarke: “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de mágica". A IA é como mágica.
Nesse contexto de expansão tecnológica logarítmica, a inteligência artificial passa a ser o oráculo que traduz tecnologias inacessíveis em soluções reais para as necessidades de clientes humanos. Como mágica, ela permite que empresas ofereçam serviços fantásticos a uma base de clientes de baixa sofisticação digital. Algo realmente transformador.
A Transformação Digital 2.0 não é apenas uma continuação da 1.0, mas é um salto qualitativo que está moldando um novo paradigma para negócios onde a descentralização e a posse digital abrem novas possibilidades; a captação de dados em tempo real redefine os modelos operacionais; e a inteligência artificial agrega essas complexidades para oferecer serviços sofisticados de forma simples e acessível.
A boa notícia é que esta nova fase está apenas começando. Novos negócios estão surgindo e suas perspectivas são verdadeiramente empolgantes. Estamos em seu início, testemunhando oportunidades únicas para expandir nossos horizontes e abraçar o futuro promissor. Aqueles que souberem se adaptar e abraçar as mudanças sairão na frente nessa jornada de inovação e crescimento.
So What da Transformação Digital 2.0:
Uma pergunta: como você irá captar valor para seu negócio através da transformação digital 2.0?
Entre em contato, faça perguntas e sugira temas que gostaria de ver explanados por aqui: arenusa.goulart@svm.com.br