Como funciona a terapia para crianças?

Legenda: Por meio de desenhos, jogos, fantoches, historinhas infantis, investigamos suas dificuldades e sintomas
Foto: Shutterstock

“Minha filha está bem menos agressiva, não me responde mais e está até carinhosa comigo. Estou admirada, não sei o que aconteceu. É por causa da terapia? Afinal, o que vocês fazem aqui dentro?” Me perguntou uma mãe, certo dia na clínica.

Muitos pais, ficam ansiosos para saber o que acontece com seus filhos, dentro dos consultórios de psicologia. Perguntam para as crianças, perguntam para os profissionais, entram na sala e observam tudo, super curiosos. Pois bem, tentarei desvendar esse mistério.

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Na verdade, não há nenhum segredo. A clínica infantil é um espaço lúdico, onde, através do brincar, nós psicólogos, nos aproximamos da criança.

Entramos em seu mundo, para entendê-la melhor. Por meio de desenhos, jogos, fantoches, historinhas infantis, investigamos suas dificuldades e sintomas.

Desenvolvemos um trabalho de psicoeducação para a demanda de cada criança. Analisamos, conversamos, ouvimos, intervimos, mas tudo à luz das técnicas da psicologia.

Além disso, a clínica infantil, é também um espaço de orientação aos pais. É necessário o envolvimento da família durante o processo terapêutico, pois muitas vezes, a questão da criança está diretamente envolvida com o ambiente familiar. Como afirma a psicanálise, os problemas dos filhos tem sua origem nos pais, eles são os sintomas dos problemas dos pais.

Por esse motivo, os pais devem participar ativamente do processo terapêutico, e a melhora da demanda da criança, está diretamente ligada às percepções e mudanças de comportamentos necessárias na dinâmica familiar.

Em alguns casos, é necessário também, a aproximação do psicólogo com a escola, principalmente quando a queixa envolve dificuldades de aprendizagem ou de comportamento.

Quando devo procurar terapia para meu filho? 

Devemos ter como referencial o sofrimento da criança. Os pais devem ficar alertas quando percebem que algo não vai bem no comportamento e nas emoções do pequeno. Mudanças repentinas de humor, choros constantes, agressividade, baixo rendimento escolar, regressão no desenvolvimento, medos intensos, são alguns exemplos de sintomas onde é necessário um suporte e acompanhamento profissional.

Há casos ainda em que a criança parece não estar sofrendo, porém apresenta um comportamento disfuncional, onde a família ou escola, não estão conseguindo lidar. Um exemplo disso é a agitação excessiva da criança, que pode ser indicativo de um transtorno, e muitas vezes a família sofre tanto quanto a criança.

Por fim a clínica infantil é um espaço de fantasia, onde livre de julgamentos, longe da pressão da escola e dos pais, a criança pode externar seus sentimentos. É também um espaço de acolhimento e transformação para a família. É um lugar de suporte, que traz leveza independente de diagnósticos. É no setting terapêutico que a criança se aceita, se permite e expressa o melhor de si.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora

 

 



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