Veja sete erros do investidor brasileiro e como evitá-los

Escrito por
Ana Alves animaconsultoria@yahoo.com.br
Legenda: Erros de investidores podem comprometer as finanças
Foto: Shutterstock

Investir seu dinheiro é fundamental para um futuro financeiro tranquilo. Contudo, o mundo dos investimentos pode parecer complexo, levando a erros comuns. 

Este artigo desvenda os sete principais deslizes dos investidores brasileiros, com exemplos práticos e linguagem acessível, para que você possa evitá-los e fazer seu dinheiro render. 

Um relatório recente da Anbima revela padrões de comportamento que, se corrigidos, podem transformar sua jornada financeira. Prepare-se para investir de forma mais inteligente e segura.

Erro 1: Confundir aposta com investimento

Apostas online prometem ganhos rápidos, mas são jogos de azar, não investimentos. Investir significa aplicar dinheiro em algo com valor real, que tende a crescer e gerar retorno. 

Apostas dependem da sorte e podem levar à perda total do capital. Um em cada cinco brasileiros que apostam online considera isso um investimento, e 63% tiveram a renda comprometida. 

Apostar é para lazer (com moderação), investir é para construir um futuro financeiro sólido e alcançar objetivos de longo prazo. Não confie seu futuro financeiro à sorte.

Erro 2: Mergulhar em criptomoedas antes das ações

Criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, estão em alta e atraem pela promessa de retornos altíssimos. No entanto, para quem inicia na renda variável, começar por elas em vez de ações pode ser um grande erro. 

Ações representam uma parte de uma empresa real, crescendo com ela e pagando dividendos. Criptomoedas são ativos digitais sem valor intrínseco, extremamente voláteis, cujo valor é determinado por oferta e demanda e especulações. 

É como tentar dirigir uma moto de alta cilindrada sem nunca ter andado de bicicleta: o risco de queda é imenso. No Brasil, mais pessoas investem em cripto (3,8%) do que em ações (2,8%), especialmente jovens.

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É crucial entender os riscos e a natureza de cada investimento antes de se aventurar em mercados complexos. Comece pelo básico e diversifique com conhecimento.

Erro 3: Insistir na poupança em vez de Títulos Públicos

A poupança é o investimento mais popular no Brasil, conhecida por sua simplicidade e segurança. Contudo, ela não é a opção mais rentável, especialmente comparada a outros investimentos de baixo risco, como os títulos públicos. 

Nos últimos 12 meses, a poupança rendeu cerca de 7,48%, enquanto o Tesouro Selic, um título público garantido pelo governo e tão seguro quanto a poupança, rendeu 11,99% (9,8% líquido de impostos). Isso significa que seu dinheiro cresceria mais rápido no Tesouro Selic.

Muitos brasileiros (68%) ainda preferem a poupança. É hora de buscar alternativas mais rentáveis e seguras para o seu dinheiro.

Erro 4: Trocar juros compostos por renda passiva imediata

A ideia de renda passiva, como aluguéis de fundos imobiliários, é sedutora. No entanto, preferir essa renda imediata em detrimento do poder dos juros compostos pode ser um erro sutil. Juros compostos são o “juro sobre juro”, onde os rendimentos são reinvestidos, criando um crescimento exponencial do patrimônio. 

Quando você gasta a renda passiva, perde a oportunidade de potencializar esse efeito. Por exemplo, em 20 anos, R$ 10 mil reinvestidos podem render o dobro do que se os rendimentos fossem sacados.

A renda passiva é boa, mas o reinvestimento dos juros compostos é o que realmente multiplica seu patrimônio no longo prazo. Pense no longo prazo e no poder da multiplicação.

Erro 5: Gastar mais do que ganha

Este é um erro financeiro básico, mas devastador: gastar mais do que se ganha leva a dívidas. No Brasil, 34% dos brasileiros não conseguem fazer o salário chegar ao fim do mês, e 23% dos investidores também gastam mais do que ganham. 

Dívidas geram juros altos (crédito consignado, por exemplo, tem mediana de 22% ao ano), que nenhum investimento seguro pode compensar. A regra de ouro é: não dever nada. Organize suas finanças, faça um orçamento, corte gastos desnecessários, elimine dívidas caras e construa uma reserva de emergência. 

Sem essa base, seus esforços de investimento serão em vão. A liberdade financeira começa com o controle sobre seus gastos.

Erro 6: Aposentadoria? Contar apenas com o INSS

Contar exclusivamente com o INSS para a aposentadoria é um risco. Dos 40 milhões de beneficiários, apenas 0,001% recebe o teto máximo, e 70% recebem até um salário mínimo. O INSS enfrenta desafios com o envelhecimento da população. 

A maioria (58,6%) dos brasileiros ainda aposta no INSS como principal fonte de sustento na aposentadoria. É crucial diversificar suas fontes de renda, investindo em previdência privada, aplicações financeiras de longo prazo ou imóveis. Pense no INSS como um complemento, não a única solução.

Comece a construir seu próprio plano de aposentadoria o quanto antes.

Erro 7: Cair no efeito manada

O “efeito manada” é perigoso nos investimentos: seguir a maioria sem análise própria. Isso leva a bolhas especulativas e quedas bruscas. Investidores compram na alta (quando o preço já está inflacionado) e vendem na baixa (quando o preço já despencou), perdendo dinheiro. 

O investidor inteligente age de forma contrária, estudando, analisando e planejando. Ele compra quando os preços estão baixos (oportunidade) e vende quando estão altos (lucro), baseado em análises e estratégias de longo prazo, não em emoções ou no comportamento da maioria. 

A maioria dos fundos de investimento com gestão profissional não supera o mercado em janelas de 10 anos, reforçando que seguir a manada nem sempre é o melhor caminho.

Seja um pensador independente no mundo dos investimentos.

Evitar esses sete erros exige disciplina, conhecimento e mudança de mentalidade. O mundo dos investimentos não é um cassino, mas um campo onde informação, estratégia, paciência e racionalidade são suas maiores aliadas.

Comece com o básico: organize suas finanças, elimine dívidas e construa uma reserva de emergência. Busque conhecimento contínuo sobre investimentos, seus riscos e rentabilidades.

Não se deixe levar por promessas de dinheiro fácil ou pela maioria. Invista de forma consciente, proativa e bem-informada, e seu futuro financeiro agradecerá!

Pensem nisso e até a próxima!
Ana Alves
@anima.consult
Economista, Consultora, Professora e Palestrante

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