Como os juros afetam o seu bolso? Veja dicas para enfrentar o cenário atual

A cada anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, o mercado financeiro se agita. Mas e o cidadão comum? A dona de casa, o microempreendedor, o trabalhador assalariado — o que tudo isso significa para o dia a dia dessas pessoas?
A resposta é direta: a Selic impacta diretamente o seu bolso, sua capacidade de consumo, seu acesso ao crédito e seus investimentos. Em tempos de juros altos, como os que vivemos em 2025, entender esse efeito é mais importante do que nunca.
O que é a Selic?
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida a cada 45 dias pelo Banco Central, por meio do Copom, e influencia todas as outras taxas praticadas no mercado: desde os juros do cheque especial e do cartão de crédito até os rendimentos da poupança e dos investimentos de renda fixa.
Ela funciona como uma ferramenta para controlar a inflação: quando os preços estão subindo demais, o Banco Central eleva a Selic para desestimular o consumo e, assim, conter a pressão inflacionária. Por outro lado, quando a economia precisa de estímulo, a taxa é reduzida, facilitando o acesso ao crédito e incentivando o consumo e o investimento.
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A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorreu nos dias 6 e 7 de maio de 2025. Nessa ocasião, o Copom decidiu elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, fixando-a em 14,75% ao ano, o maior patamar desde 2006.
Essa decisão foi tomada como parte da estratégia do Banco Central para conter a inflação, que permanece acima da meta estabelecida. O Copom indicou que futuras decisões dependerão da evolução dos indicadores econômicos, especialmente da inflação e das expectativas do mercado.
A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 17 e 18 de junho de 2025, quando será avaliada a necessidade de novos ajustes na taxa Selic, conforme o cenário econômico vigente
E como isso afeta a vida do consumidor?
O impacto da Selic é amplo e afeta todas as esferas da vida financeira. Veja os principais efeitos:
Crédito mais caro
Quando a Selic sobe, os juros cobrados por bancos e financeiras também sobem. Isso significa que empréstimos pessoais, financiamentos de veículos e imóveis, crédito rotativo e parcelamentos no cartão ficam mais caros. Quem já tem dívidas pode ver os custos crescerem. E quem pensa em pegar crédito precisa fazer as contas com muito mais cuidado.
Menor acesso ao consumo
Com o crédito mais restrito, as famílias tendem a consumir menos. O parcelamento perde atratividade, e o orçamento precisa ser revisto. É comum ver uma redução nas compras de bens duráveis — como carros, móveis e eletrodomésticos — que dependem do financiamento para serem viabilizados.
Desemprego e desaceleração econômica
Com o consumo desacelerando, as empresas vendem menos e tendem a investir menos, o que pode levar à contenção de gastos, inclusive com pessoal. Isso contribui para o aumento do desemprego e para a desaceleração da economia como um todo.
Investimentos mais conservadores voltam a ganhar atratividade
Por outro lado, a alta da Selic traz boas notícias para quem consegue poupar. Produtos de renda fixa — como Tesouro Selic, CDBs e fundos DI — passam a render mais. Isso atrai o investidor mais conservador e pode até reduzir a busca por investimentos mais arriscados.
Rendimento da poupança continua limitado
É importante lembrar que a poupança tem uma regra específica: ela só rende 0,5% ao mês + TR quando a Selic está acima de 8,5% ao ano. Ou seja, mesmo com os juros altos, ela rende menos que outros investimentos conservadores. Muitos brasileiros ainda deixam dinheiro na poupança por hábito, sem perceber que estão perdendo oportunidades.
Por que isso importa?
Entender o impacto da Selic é fundamental para tomar decisões mais conscientes sobre o próprio dinheiro. Muitas famílias entram no endividamento sem compreender como os juros afetam seus financiamentos.
Outros deixam de investir melhor por desconhecimento. E há ainda quem adie decisões importantes, como comprar um imóvel, por não saber se é o momento certo.
Além disso, a Selic também afeta o governo, que paga mais caro pelos seus títulos da dívida pública — o que pode pressionar o orçamento federal e ter impacto em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
Dicas para o consumidor enfrentar esse cenário
- Evite novas dívidas de longo prazo: Em tempos de Selic alta, é melhor evitar comprometer a renda com financiamentos longos, principalmente com juros variáveis.
- Renegocie suas dívidas: Se você já está endividado, procure negociar. Com os juros subindo, quanto antes você reorganizar sua situação, melhor.
- Faça o dinheiro trabalhar por você: Aproveite o momento para investir em renda fixa. Tesouro Selic, CDBs com liquidez diária e LCI/LCAs são boas opções com pouco risco e bons retornos.
- Revise o orçamento pessoal ou familiar: Reorganize suas finanças, reduza despesas desnecessárias e prepare-se para um período de menor crescimento econômico.
- Eduque-se financeiramente: Busque informação. O conhecimento é a melhor ferramenta para proteger seu patrimônio e tomar decisões mais seguras, especialmente em momentos de incerteza.
A taxa Selic pode parecer um assunto distante, restrito ao noticiário econômico. Mas ela está presente em cada parcela do seu cartão, no preço do seu financiamento, no rendimento das suas economias e até nas oportunidades de trabalho no país.
Em um cenário de juros altos, como o de 2025, o conhecimento financeiro deixa de ser uma opção e se torna uma necessidade. É hora de compreender, planejar e agir com inteligência para atravessar esse
Pensem nisso e até a próxima!
Ana Alves
@anima.consult
animaconsultoria@yahoo.com.br
Economista, Consultora, Professora e Palestrante