Quais os desafios do novo ministro da Economia?

Legenda: Ministério da Economia deverá voltar a se chamar Ministério da Fazenda
Foto: Agência Brasil

O novo governo terá inúmeros desafios na seara econômica. Já na largada, o ministério da Economia deve passar por reestruturação, retomando papel e funções exercidos no passado, além de restabelecer seu nome original, de Ministério da Fazenda.

O aguardado nome que assumirá o Ministério da Fazenda, terá no radar, desde o primeiro dia, embates no campo fiscal (política tributária e gastos governamentais), e a necessidade de implementação de políticas micro e macroeconômicas.

DESAFIOS DO NOVO MINISTRO DA FAZENDA

Nas breves palavras semanais que me dirijo a você leitor, evidentemente, são insuficientes para jogar luz totalmente sobre o caminho a ser trilhado pelo novo ministro da Fazenda.

Contudo, utilizando os alicerces dos objetivos da política macroeconômica, arrisco-me a desenhar parte dos desafios do novo ministro, que são fundamentalmente: 

  • Alto nível de emprego;
  • Distribuição de renda socialmente justa;
  • Estabilidade de preços;
  • Crescimento econômico.

ALTO NÍVEL DE EMPREGO

O mercado de trabalho nos últimos meses vem apresentando resultados positivos, de forma que somente em 2022*, no balanço entre admissões e desligamentos, o saldo é de 2,1 milhões de empregos. 

Apesar dos números positivos, ainda são insuficientes quantitativamente para alcançar a todos que desejam uma vaga no mercado de trabalho, uma vez que o desemprego registra 8,7% no terceiro trimestre, ainda longe de países como os Estados Unidos (3,7%), Alemanha (5,3%) e Portugal (6,1%); e insuficientes qualitativamente, em razão do emprego gerado, em grande medida, ser de baixa remuneração, resultado estrutural da baixa produtividade.

No campo do mercado de trabalho, não tenho dúvidas, se reveste de tarefa altamente complexa, onde equacionar as forças do empresariado e dos trabalhadores, no contexto da revolução digital, exigirá muita energia e criatividade dos formuladores de políticas, para alcançar o alto nível de emprego.

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA SOCIALMENTE JUSTA

A “teoria do bolo” logo vem a minha mente, quando a temática da distribuição de renda entra em discussão. “Criada” na época do milagre econômico (1967 a 1973), a “teoria do bolo” foi falsamente defendida, sob álibi de que primeiramente deveria fazer a economia avançar (bolo crescer), para depois efetivar a distribuição da renda (dividir o bolo). Até hoje esperamos o bolo ser dividido!

O fato é que estamos em um País, que precisa crescer economicamente, e também, distribuir a renda de forma mais equitativa. As desigualdades de renda no País são evidentes entre grupos econômicos, evidenciados por diversos índices; e disparidades entre regiões do Brasil. Para se ter uma ideia da disparidade econômica regional, apenas o estado de São Paulo representa mais de duas vezes toda a economia do Nordeste. 

ESTABILIDADE DE PREÇOS

No mundo, a dinâmica inflacionária assusta as principais econômicas globais, enquanto no Brasil, aparentemente, já estamos em trajetória de volta à normalidade. 

O desafio do novo ministro é promover um ambiente de negócios pujante e economicamente mais competitivo, evitando possíveis choques de elevado impacto nos preços, sobretudo nos alimentos, com peso importante no orçamento das famílias. A inflação de alimentos e bebidas, de 2020 a 2022*, segundo o IBGE, registra quase 35% no País. 

Inflação alta, combinada com juros elevados, é a combinação (im)perfeita para deteriorar o poder de compra das famílias e as margens de lucros empresariais.

CRESCIMENTO ECONÔMICO

Nos últimos quatro anos (2019-2022**) o crescimento econômico médio, medido pelo PIB, foi de 1,1%, o que é pífio para o tamanho e potencial da economia nacional. 

No horizonte, a janela de oportunidades está aberta para o novo Ministro da Fazenda, uma vez que a configuração geopolítica global, apesar do cenário conturbado, coloca o Brasil como um dos principais destinos do fluxo de investidores estrangeiros. 

O elemento catalisador do crescimento econômico do Brasil nos próximos anos, acreditem, tem como uma de suas forças motrizes os investimentos estrangeiros, que estão ávidos para direcionar recursos para mercado consumidor de potencial elevado e vantagens competitivas relevantes.

Grande abraço e até a próxima semana!

Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

* setembro de 2022
** junho de 2022



Assuntos Relacionados