O envelhecimento da população é fenômeno constatado nos recenseamento de quase todos os países, em especial, naqueles reconhecidos como desenvolvidos. O percentual de idosos (a longevidade) é, inclusive, um dos indicadores da qualidade de vida utilizados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
De acordo com os dados da União Europeia, em 2019, nos seus 27 países integrantes, um quinto da população tinha idade igual ou superior a 65 anos.
Se analisarmos estes contingentes territorialmente, perceberemos maior concentração dessa população nas cidades e nas regiões metropolitanas. Assim, o envelhecimento é um fenômeno mundial e, majoritariamente, urbano.
Para o Brasil, país emergente e com indicadores sociais médios, as informações de 2016 do Ministério da Saúde apontam que já registramos a quinta maior população idosa do mundo e, projeta-se para 2030 que, o número de idosos superará a população entre zero e 14 anos.
Longe de designar apenas uma alteração quantitativa e populacional, esse processo exige mudanças econômicas (mercado de trabalho e previdência social), sociais (exigência para o sistema de saúde e cuidado social) e urbanas (adaptação das cidades nos espaços públicos e nos privados).
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Em compasso com essa mudança social, demos um salto qualitativo em 2003 ao aprovar a lei federal 10.741, denominado Estatuto do Idoso. Nestes termos, o seu artigo 3º é muito claro:
“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.
Identificada a importância do instrumento legal, fica a dúvida: na concretude e no cotidiano, como nossas maiores cidades, as metrópoles e seus governos têm assegurado os direitos preconizados em lei? Há espaços de lazer atraentes aos idosos?
Os equipamentos de saúde e de cuidado oferecem o atendimento prioritário e efetivo conforme deve ser? Os espaços privados se adequam e seguem as normas? Nossas ruas e calçadas facilitam a mobilidade, a acessibilidade e a autonomia desse grupo etário?
São questões nacionais e que valem, do mesmo modo, para a nossa metrópole. Segundo os dados do Censo de 2010, 6,5% da população de Fortaleza era considerada idosa (com 65 anos ou mais), algo próximo a 161 mil habitantes.
Sem dúvida, posto a tendência mundial, estes números não são os mesmos, atualmente, encontram-se bem superiores. Ou seja, Fortaleza precisa se preparar pois o desafio só aumenta.
Com intenção de debater estas e outras questões, o Laboratório de Planejamento Urbano e Regional do departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará, em parceria com pesquisadores do Instituto de Geografia e Ordenamento Territorial da Universidade de Lisboa, realizará o seminário Envelhecer na Metrópole.
No evento, aberto ao público, serão discutidos três temas principais:
Depois dos momentos mais graves da pandemia de Covid-19, onde os idosos foram fortemente atingidos (mortes e sequelas), nada mais lógico que voltar às atenções ao tema. O seminário é assim muito apropriado, sobretudo, por possibilitar trocas de experiências entre as ações registradas em países europeus e no Brasil.
O evento acontecerá no dia 14 de Junho, a partir das 14h, no Auditório do Departamento de Geografia, no Campus do Pici. Fica a dica!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.