No futebol, o tempo urge. Passa rápido, nem sempre deixa memórias, mesmo com conquistas no caminho. A efusão de sentimentos atravessou o torcedor do Fortaleza na temporada de 2020, e a despedida surgiu com alívio - pela permanência na Série A - e doses de melancolia.
O capítulo final refletiu a sensação: uma derrota para o Fluminense, no Maracanã, quando podia sonhar com a Copa Sul-Americana ou ser rebaixado por uma combinação matemática quase impossível. Pelo imediatismo, os ciclos parecem findados no Pici e a proposta é de renovação: mudar tudo.
Porque o enredo dos últimos anos foi de ascensão, sempre. Campeão da Série B, vaga internacional pela primeira vez, além de títulos seguidos do Campeonato Cearense e da Copa do Nordeste. A gestão atual elevou as expectativas e assim foi cobrada, mesmo que repetir tudo fosse difícil.
Uma partida histórica contra o Independiente na Argentina, participar das oitavas da Copa do Brasil ou erguer um Centro de Excelência são efemérides. No ano da pandemia, o Leão sentiu o peso do elenco, das mudanças técnicas, do arrocho financeiro e, agora, precisa repensar - sem intervalo para planejamento.
O ano de 2021 começou faz tempo. Em termos competitivos, para o Fortaleza, tem início na próxima quarta-feira (3), contra o CRB, às 19h30, na Arena Castelão, pela estreia no Nordestão. O calendário é tão ínfimo que quase permite esquecer: o clube estará na elite nacional pela terceira temporada consecutiva, um feito inédito na era dos pontos corridos.
Para isso, um recomeço. O ciclo vitorioso chegou ao fim, lideranças do elenco irão deixar o Pici e as contratações serão em quantidade. O departamento de futebol tem nomes mapeados no mercado e planeja reforçar todas as posições, com exceção dos goleiros.
Assim, são aguardados: zagueiros, lateral esquerdo, lateral direito, volantes, meias, atacantes de lado e centroavante. O primeiro nome foi o armador Lucas Crispim, ex-Guarani. Outro consultado foi o zagueiro Luiz Otávio, da Chapecoense.
"Vai ter novidade em todas as posições. Vamos diminuir a média de idade, ter um time jovem, com mais proposta de jogo. Também teremos atletas para atuar em diferentes situações táticas, novos estilos, com uma formação menos previsível e mais versátil, com mais opções para a comissão técnica. Vamos começar o ano com um bom elenco e, dentro dessa transição, será a maior mudança no time dos últimos anos. Temos que fazer isso com velocidade”, explicou o presidente Marcelo Paz.
Nesse escopo de mudanças, o Fortaleza encaminhou a compra do volante Ronald, de 23 anos. O atleta renova o contrato até 2023. Com um setor de mercado específico para o mapeamento das categorias de base, a tendência é oferecer mais espaço aos jogadores no principal.
No primeiro momento, os nomes com transição definida serão o lateral esquerdo Miguel, o volante Pablo e os atacantes Igor Torres e William. O grupo deve receber oportunidade nos torneios a serem disputados, a exemplo da 2ª fase do Estadual.
O anúncio das saídas de jogadores será oficializado nos próximos dias. A gestão compreende também que há nomes com chance de negociação e que podem ser emprestados, a exemplo do atacante Edson Cariús.