O investimento é alto no trabalho de lapidação. Até ser considerada a melhor base do Nordeste, o Ceará escalonou receita na formação de atletas em montante que evolui a cada temporada. Com base nos últimos três anos, o índice é de 353% a mais entre 2017 e 2019.
Os números estão expostos no balanço financeiro do clube, divulgado na quarta-feira (29). No último ano, o total foi de R$ 4,26 milhões destinados à viagens, treinamentos e alimentação.
A evolução tem relação direta com o crescimento de receita e a maior profissionalização dos departamentos internos, mas recai também como uma atenção maior da atual diretoria. Em 2017, por exemplo, o valor foi de R$ 939 mil.
Paralelo ao gasto, a negociação de atletas recentes mostra a importância do setor: adquirir ganho técnico mais barato e revertê-lo em fluxo de caixa valorizado. Os exemplos estão nas vendas de Arthur Cabral (R$ 5,5 mi), Artur Victor (R$ 6,5 mi) e Felipe Jonatan (R$ 6 mi) - com o clube mantendo 50% dos direitos econômicos do primeiro e 10% do segundo.
O saldo é positivo e oferece retorno em 150% quando comparado aos custos do CT Luís Campos, em Itaitinga, a atual sede da base. O equipamento foi adquirido pelo Ceará em 2014 por R$ 7,2 milhões, tendo as parcelas quitadas em 2018.
“Há dois anos intensificamos mais a base, lapidamos melhor, começamos a garimpar os atletas, melhorar o modelo de treinamento e tudo mudou. A nossa boa safra ainda não chegou, vai chegar do sub-17. Esses receberam todo o processo, talvez consigamos ativos ainda maiores”, explica Robinson de Castro, presidente do clube.
Para o mecanismo de evolução funcionar, faz-se necessário uma integração entre os processos da base e do profissional. O principal responsável pela conexão dos setores é Armando Desessards, coordenador técnico do Ceará.
“O foco do trabalho é construir uma metodologia para o futebol com ênfase na base. Além do conteúdo esportivo, ter as condições técnicas e táticas para servir o profissional. A prioridade é agregar valor ao profissional, definir uma estrutura metodologia, através de processos conjuntos entre os setores, não há divisão”, aponta.
A conjuntura então envolve três pontos principais, todos com acompanhamento fisiológico, médico e nutricional:
Estágio 1 - Iniciação (11-12 anos): metodologia voltada para desenvolvimento cognitivo e motor.
Estágio 2 - Lapidação (12-17 anos): foco no ganho técnico e de evolução dos fundamentos.
Estágio 3 - Transição (a partir dos 18 anos): aproximação do sistema tático do profissional, com maior análise das características históricas do jogador e da necessidade do time.
O Vovô também desenvolveu internamente dois documentos orientadores com as matrizes metodológicas que serão empregadas em cada núcleo da base. Para cada categoria é detalhado o tipo de treino executado pelo clube a fim de nortear a progressão do atleta e do time, montado para ser competitivo.
A atualização dos arquivos é feito pelos próprios profissionais do clube após balanços da temporada. No principal, atualmente, há quatro nomes oriundos da base: o zagueiro Lacerda, o lateral Kelvyn, e os atacantes Rick e Cristiano.