O segredo de uma vida saudável

Do mesmo jeito que sem luz não há fotossíntese nem vida, sem consciência crítica, não há desenvolvimento pessoal, tampouco paz social

Escrito por
Adalberto Barreto ceara@svm.com.br
Legenda: Vegetais e animais tornam-se parceiros de uma convivência exitosa
Foto: Shutterstock

O segredo da vida é trocar energia. As plantas usam a fotossíntese. Absorvem o CO2, o ar sujo, e eliminam o oxigênio puro, que garante a vida dos seres vivos. Para que a troca de energia ocorra, elas precisam de luz. No passado, a escuridão provocada pela queda de um meteorito interrompeu esse processo e os animais que estavam no topo da cadeia alimentar, os dinossauros, desapareceram do planeta. 

Outros seres vivos usam a respiração. Absorvem o oxigênio proveniente das plantas e eliminam o CO2. Assim, vegetais e animais tornam-se parceiros de uma convivência exitosa. Sem um, o outro não sobrevive. As plantas garantem um ambiente saudável, apesar da toxicidade do ambiente. 

Os seres humanos precisam aprender com as plantas a desintoxicar o meio ambiente, usando a consciência, o senso crítico de cada qual. A propagação do ódio, do negacionismo e da deformação dos fatos só servem para tornar a convivência entre as pessoas uma meta difícil de alcançar. A convivência com as diferenças torna-se uma guerra fratricida e ofusca o clareamento do futuro da humanidade. 

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Assistimos a uma modalidade de assassinato coletivo de consciências, passíveis de serem faróis indicando o caminho a seguir, criticando, questionando, transgredindo e revendo modelos e conceitos que limitam o potencial humano. É como se fossem manadas de animais conduzidas por vozes e aboios das fakes news, dos que levam a boiada para a engorda, na espera do abate que traga lucro. 

Tudo isso impede o estabelecimento de uma sociedade plural, mais solidária, feliz e empática. Do mesmo jeito que sem luz não há fotossíntese nem vida, sem consciência crítica, não há desenvolvimento pessoal, tampouco paz social. A liberdade de ir e vir, de pensar e discordar, fica comprometida. A falta de comunicação nos isola ainda mais e torna a convivência quase impossível. Ficamos manipulados e manipuláveis pelas fake news, transformadas em fábricas de confundir aqueles que não usam o terceiro cérebro -  o neocórtex. 

Sem o senso crítico, desprovidos da capacidade de nos indignar, de duvidar, perdemos a condição humana. Fazemo-nos seres domesticados, assombrados por um medo fabricado com muito esmero. As pessoas chegam até a antecipar o apocalipse e o Juízo Final, para que permaneçam unidas por medo e ódio. 

Assombradas, procuram abrigos ideológicos, convertidas em bolhas de alienação e falsa proteção, tal qual a avestruz, quando, se sentindo ameaçada, mete a cabeça no próximo buraco, acreditando-se protegida. Os grupos de WhatsApp são usados como bíblia, pois, através das mídias sociais, viram espaços sectários, onde as pessoas são intoxicadas por mentiras e meias verdades, destilando o ódio fratricida, para não dispersar o rebanho. 

Essas pessoas são alimentadas com rações tóxicas quase diárias, impedindo-as de respirar o ar puro que circula saudavelmente e livre fora da bolha. Elas se isolam daqueles considerados como infiéis, e deixam de se comunicar com as pessoas que pensam diferente. É comum ouvirmos comentários maldosos, semeando um ódio gratuito ao diferente. São espaços de intolerância sectários, destilando ódio e declarando guerra ao diverso. 

TROCA DE ENERGIA

As distintas cores que fazem a beleza do arco-íris são combatidas e querem que ele seja unicolor – isto é, com a coloração de seu partido, de sua ideologia de sua igreja. Onde não há troca de energia há morte física, relacional, espiritual e afetiva. Essas pessoas aprendem somente a odiar, obedecer, a dizer “amém”. Perdem a capacidade de pensar, refletir para ressignificar os fatos. Escondem sua humanidade, a capacidade de ousar transgredir, desobedecer. Viram massa de manobra daqueles que lucram com a alienação alheia. 

É triste ver a consciência inativa, deletada, incapaz de questionar a veracidade dos fatos, sem o viés unilateral. Falta um São Tomé, que, para acreditar, exige evidências  tangíveis. Toda convicção é uma prisão, pois, prisioneiros de uma meia verdade, ficam impedidos de ver a totalidade. Tudo está interconectado. Todo acontecimento é sistêmico. 

O desmatamento desenfreado interfere na temperatura, nas chuvas torrenciais, nos tornados, nos terremotos, nos tsunamis, nas catástrofes naturais. Tudo é obra do homem e não de Deus. A avidez pelo lucro e a demanda pelo poder econômico e político interferem, ao final, nos acontecimentos e, com certeza, estão por trás  de todos esses desatinos. 

No passado, a falta da luz do sol produzido pela queda de um meteoro levou o Planeta a uma prolongada escuridão, ao fim de uma era. Hoje, sem a consciência crítica, corremos o risco de um novo apagão planetário que impedirá todo o desenvolvimento pessoal e coletivo, capaz de pôr fim à civilização. Somente pelo exercício de uma consciência crítica, ousada, cidadã, livre, independente, somos suscetíveis de mudar os rumos da humanidade.

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