O segredo da vida é trocar energia. As plantas usam a fotossíntese. Absorvem o CO2, o ar sujo, e eliminam o oxigênio puro, que garante a vida dos seres vivos. Para que a troca de energia ocorra, elas precisam de luz. No passado, a escuridão provocada pela queda de um meteorito interrompeu esse processo e os animais que estavam no topo da cadeia alimentar, os dinossauros, desapareceram do planeta.
Outros seres vivos usam a respiração. Absorvem o oxigênio proveniente das plantas e eliminam o CO2. Assim, vegetais e animais tornam-se parceiros de uma convivência exitosa. Sem um, o outro não sobrevive. As plantas garantem um ambiente saudável, apesar da toxicidade do ambiente.
Os seres humanos precisam aprender com as plantas a desintoxicar o meio ambiente, usando a consciência, o senso crítico de cada qual. A propagação do ódio, do negacionismo e da deformação dos fatos só servem para tornar a convivência entre as pessoas uma meta difícil de alcançar. A convivência com as diferenças torna-se uma guerra fratricida e ofusca o clareamento do futuro da humanidade.
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Assistimos a uma modalidade de assassinato coletivo de consciências, passíveis de serem faróis indicando o caminho a seguir, criticando, questionando, transgredindo e revendo modelos e conceitos que limitam o potencial humano. É como se fossem manadas de animais conduzidas por vozes e aboios das fakes news, dos que levam a boiada para a engorda, na espera do abate que traga lucro.
Tudo isso impede o estabelecimento de uma sociedade plural, mais solidária, feliz e empática. Do mesmo jeito que sem luz não há fotossíntese nem vida, sem consciência crítica, não há desenvolvimento pessoal, tampouco paz social. A liberdade de ir e vir, de pensar e discordar, fica comprometida. A falta de comunicação nos isola ainda mais e torna a convivência quase impossível. Ficamos manipulados e manipuláveis pelas fake news, transformadas em fábricas de confundir aqueles que não usam o terceiro cérebro - o neocórtex.
Sem o senso crítico, desprovidos da capacidade de nos indignar, de duvidar, perdemos a condição humana. Fazemo-nos seres domesticados, assombrados por um medo fabricado com muito esmero. As pessoas chegam até a antecipar o apocalipse e o Juízo Final, para que permaneçam unidas por medo e ódio.
Assombradas, procuram abrigos ideológicos, convertidas em bolhas de alienação e falsa proteção, tal qual a avestruz, quando, se sentindo ameaçada, mete a cabeça no próximo buraco, acreditando-se protegida. Os grupos de WhatsApp são usados como bíblia, pois, através das mídias sociais, viram espaços sectários, onde as pessoas são intoxicadas por mentiras e meias verdades, destilando o ódio fratricida, para não dispersar o rebanho.
Essas pessoas são alimentadas com rações tóxicas quase diárias, impedindo-as de respirar o ar puro que circula saudavelmente e livre fora da bolha. Elas se isolam daqueles considerados como infiéis, e deixam de se comunicar com as pessoas que pensam diferente. É comum ouvirmos comentários maldosos, semeando um ódio gratuito ao diferente. São espaços de intolerância sectários, destilando ódio e declarando guerra ao diverso.
As distintas cores que fazem a beleza do arco-íris são combatidas e querem que ele seja unicolor – isto é, com a coloração de seu partido, de sua ideologia de sua igreja. Onde não há troca de energia há morte física, relacional, espiritual e afetiva. Essas pessoas aprendem somente a odiar, obedecer, a dizer “amém”. Perdem a capacidade de pensar, refletir para ressignificar os fatos. Escondem sua humanidade, a capacidade de ousar transgredir, desobedecer. Viram massa de manobra daqueles que lucram com a alienação alheia.
É triste ver a consciência inativa, deletada, incapaz de questionar a veracidade dos fatos, sem o viés unilateral. Falta um São Tomé, que, para acreditar, exige evidências tangíveis. Toda convicção é uma prisão, pois, prisioneiros de uma meia verdade, ficam impedidos de ver a totalidade. Tudo está interconectado. Todo acontecimento é sistêmico.
O desmatamento desenfreado interfere na temperatura, nas chuvas torrenciais, nos tornados, nos terremotos, nos tsunamis, nas catástrofes naturais. Tudo é obra do homem e não de Deus. A avidez pelo lucro e a demanda pelo poder econômico e político interferem, ao final, nos acontecimentos e, com certeza, estão por trás de todos esses desatinos.
No passado, a falta da luz do sol produzido pela queda de um meteoro levou o Planeta a uma prolongada escuridão, ao fim de uma era. Hoje, sem a consciência crítica, corremos o risco de um novo apagão planetário que impedirá todo o desenvolvimento pessoal e coletivo, capaz de pôr fim à civilização. Somente pelo exercício de uma consciência crítica, ousada, cidadã, livre, independente, somos suscetíveis de mudar os rumos da humanidade.