"Em muitos casos, negros são mais racistas que brancos", disse Bernie Ecclestone, ex-chefão da Fórmula 1, tentando justificar que a categoria automobilística não é preconceituosa e nem promove falta de diversidade. No entanto, se você parar para ver essa afirmartiva de maneira mais detida, notará que é argumento semelhante a tantos outros que buscam justificar um tipo de preconceito vigente. Para um grupo social, frases assim podem soar bem ofensivas. Não é meu lugar de fala discutir o racismo, mas é possível a mim ser simpatizante e apoiar atitudades que diminuam as diferenças sociais.
Lewis Hamilton returcou dizendo que Ecclestone era mal-educado e sem conhecimento. No que ele, Ecclestone, justificou. O dirigente afimrou que não é racista dizendo que tirou a Fórmula 1 da África do Sul, em 1985, porque um homem branco matou um jornalista negro por não ter gostado de uma publicação dele. Ora, talvez não fosse mais lógico fazer da F-1 uma bandeira contra o apartheid, por exemplo, e chamar pretos para encabeça-la, símbolos de luta contra o racismo? É uma questão que poderia ser pensada.
O que falta, e aí não é só na Fórmula 1, é empatia com o outro. O problema está sempre do lado de fora da porta e não dentro. Na abertura da temporada, os pilotos fizeram um protesto antes do GP da Áustria, liderados por Lewis Hamilton, que vem sendo voz ativa no esporte contra o racismo. Max Verstappen e Charles Leclerc participaram, mas não fizeram o movimento de se ajoelhar, símbolo do #BlackLivesMatter, assim como outros quatro pilotos. Leclerc justificou depois que não ser racista estaria mais no que pensa e como age diariamente do que em único ato.
"Eu acredito que importam mais os fatos e comportamentos em nosso dia a dia do que gestos formais. Não vou me ajoelhar, mas isso não significa que eu esteja menos comprometido do que outros na luta contra o racismo", disse.
Ora, isso é uma meia-verdade. Ele tem razão ao dizer que o seu procedimento diário é mais importante. Mas qual o peso para uma luta de você aderir a um gesto no momento mais conturbado de uma luta social? De ser simpático a um ato? Novamente, faltou empatia a uma causa.
Da mesma forma, durante esses meses de pandemia, vê-se poucos atletas mundo afora levantando uma bandeira de combate à Covid-19 ou a qualquer luta que impacte a vida de muitos. Não que alguém seja obrigado a tomar partida de uma situação, mas me parece importante a um esportista que é ídolo e movimenta fãs ser um exemplo. Afinal de contas, uma vez esportista famoso, você se torna uma pessoa pública.
E outra quando falo em empatia, não é ajudar por ajudar ou se mobilizar por mobilizar. Mas ter consciência da importância daquilo. E esse cenário tem desenho longe de ser concluído.