Programa Cientista-chefe elabora propostas para proteção e preservação da costa cearense

A proposta prevê ações de conservação e uso sustentável dos recursos naturais no estado.

Legenda: Erosão do solo em Icaraí, Caucaia
Foto: Eduardo Lacerda Barros

Empresários, cientistas, pesquisadores, representantes do governo estadual, de universidades e representantes de vários segmentos ligados à economia do mar participaram de uma reunião na qual foi apresentado o programa Cientista-chefe do Meio Ambiente – Ciência e Inovação em Políticas Públicas. A proposta, que leva as assinaturas de profissionais do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), Funcap e da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), prevê ações de conservação e uso sustentável dos recursos naturais no estado.

O programa, com ações focadas nas atividades econômicas do mar, passa por um processo de amadurecimento. Os seus criadores tiveram como base dados que já vêm sendo coletados há muitos anos na costa cearense. Dados que são bastante conhecidos dos especialistas da área como, por exemplo, o avanço do mar em algumas regiões litorâneas e a ameaça às espécies da fauna e flora marinhas.

Legenda: Erosão do solo na praia de Icaraí
Foto: Eduardo Lacerda Barros

Na reunião, provocada pela Câmara Setorial da Economia do Mar, da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), a cadeia produtiva do setor conheceu o cientista-chefe Prof. Dr. Marcelo de Oliveira Soares, coordenador do Labomar/UFC, que lidera os trabalhos e comanda a equipe de cientistas e pesquisadores. Segundo ele, o programa possui três projetos específicos: o Planejamento Costeiro e Marinho; o Sistema de Informações Geográficas (Sig Ambiental) e a Lista Vermelha que é uma relação das espécies ameaçadas da fauna e da flora.

As responsabilidades são divididas entre os integrantes dessa proposta o que aumenta a capacidade de engajamento da sociedade civil organizada nesse planejamento para proteger nossos recursos naturais. Isso é bacana! Vista por esse ângulo é possível avaliar que, para além dos levantamentos técnicos, a iniciativa também passa por um processo de conscientização das comunidades envolvidas nas ações que serão realizadas. Caberá ao Planejamento Costeiro e Marinho construir o Plano Estadual de Preparação, Contingência e Resposta Rápida a Emergências Ambientais da Zona Costeira e Marinha, o Plano Estadual de Gerenciamento dos Recursos Marinhos, Bióticos e Abióticos da Zona Costeira e Plataforma Continental e o Plano Estadual de Gerenciamento e Monitoramento Contínuo da Linha de Costa.

Legenda: Voçoroca em duna na praia da Lagoinha
Foto: Eduardo Lacerda Barros

O secretário de meio ambiente do estado que participou da apresentação do programa falou sobre o novo desafio: “Vamos fazer o estudo sobre a costa cearense que está sendo muito degradada, muito erodida e, a partir desses estudos, nós vamos fazer propostas que vão diminuir os impactos sofridos tanto no mar como nas zonas de costa, assim também como deveremos desenvolver projetos com vários pesquisadores dessa área que estão trabalhando no programa Cientista-chefe”, disse Arthur Bruno.

Cientistas e pesquisadores como Maria Ozileia Bezerra Menezes, Lidriana de Souza Pinheiro, diretoras do Labomar/UFC, Eduardo Lacerda Barros e Renan Gonçalves Pinheiro Guerra da Funcap/Sema vão trabalhar em propostas de médio a longo prazo de forma integrada entre as universidades, órgãos públicos federais, estaduais e municipais, organizações não governamentais e órgãos privados no uso sustentável do sistema costeiro e marinho com o mapeamento dos riscos recorrentes na zona costeira e marinha como o derrame de óleo, mapeamento de rotas de Falésias, ventos, mergulho, surf/kitesurf, pesca esportiva, turismo comunitário, colonização costeira e no atlas da erosão costeira.

Para Marcelo de Oliveira Soares, a iniciativa é um marco na história do estado. “O programa Cientista-chefe já é uma experiência de sucesso em Israel, no Reino Unido e em outros países, mas normalmente em relação com o setor privado. Nesse caso, o Ceará tem sido pioneiro no Brasil em colocar esse programa como um suporte à laboração e execução de políticas públicas. Fazendo públicas usando dados, usando ciência, porque somente assim essa inovação pode levar o país a outro patamar. Nesse contexto entra o programa Cientista-chefe Meio Ambiente que eu vejo como um uma iniciativa importantíssima. Nós estamos num momento crucial da história da humanidade e do nosso país. A degradação ambiental é levada a um problema generalizado do ponto de vista social, econômico, cultural e até psicológico. O programa Cientista-chefe é uma oportunidade de fortalecer, implementar e executar políticas públicas baseadas em ciência. Política públicas de estado, que vão atravessar gerações”, ressalta o cientista-chefe.