No ano da pandemia, redução de casamentos no Ceará é a menor do Nordeste

Legenda: Nem a pandemia impediu que noivos e noivas casassem de papel passado no Ceará

Acostumados a lidar com problemas, adaptar-se a mudanças e superar obstáculos, os cearenses mostraram seu poder de resiliência diante dos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus. O ano de 2020 obrigou muita gente a engavetar projetos e a adiar sonhos devido às preocupações com a crise sanitária, com a própria saúde, com amigos e familiares. Esses temores foram generalizados. Um dos indicadores desses receios: houve uma queda de 28% no número de casamentos neste ano no Brasil, em relação a 2019. O número passou de 955 mil no ano passado para 686 mil registros de casórios, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil

Só que no Ceará não tem disso não, como cantava Luiz Gonzaga. Noivas e noivos parecem ter relutado mais em alterar seus planos e postergar a assinatura dos papéis em cartório. No ano da pandemia, a redução de casamentos no Estado é a menor do Nordeste, além de ter ficado abaixo da média nacional. Foram 22.160 registros no Ceará neste ano, uma diminuição de 15% na comparação com 2019, quando houve 26.076 casórios. Para se ter ideia, o Piauí teve a maior taxa de redução de casamentos (50%), seguido por Alagoas (43%), Pernambuco (40%), Sergipe (40%), Paraíba (30%), Rio Grande do Norte (31%), Bahia (25%) e Maranhão (19%).

Portal do Registro Civil mostra o número de casamentos no Nordeste em 2020
Legenda: Portal do Registro Civil mostra o número de casamentos no Nordeste em 2020

Os dados dos registros de casamento confirmam as previsões feitas no início do ano sobre os impactos das restrições da Covid-19 e das medidas de distanciamento social nos encontros presenciais, que diminuíram a fim de evitar aglomerações provocadas por festas, cerimônias e eventos, bem como os riscos de contaminação pelo coronavírus.

Em 2019,  número de casamentos no Nordeste foi maior do que em 2020, ano da pandemia
Legenda: Em 2019, número de casamentos no Nordeste foi maior do que em 2020, ano da pandemia

É claro que, mesmo com os protocolos sanitários exigidos pelas autoridades, os indivíduos tentaram tocar a vida resolvendo suas pendências de forma virtual. Por que não casar com os noivos posando para fotografia usando máscaras? Por que não limitar o número de pessoas para testemunhar um momento tão importante na vida das pessoas? Quem quer dá um jeito, quem não quer dá uma desculpa, diriam os mais pragmáticos.

Decidir juntar as escovas de dente já exige muita reflexão, responsabilidade e planejamento. Imagina fazer isso em um contexto de pandemia, com o mundo contando, a cada dia, mais e mais doentes e mortos. Quem manteve seu casório nestes tempos difíceis merece realmente aplausos, embora se entenda quem preferiu adiar o famoso "casar de papel passado" em nome da saúde ou por ter paciência para esperar um clima otimista para celebrar a união. O amor entende, o amor espera.

Tendências para 2021

Para quem ainda está em busca de um relacionamento sério para um futuro casamento, a situação também não foi fácil, mas a internet deu uma força. O período de isolamento não impediu que as pessoas procurassem por uma nova conexão. É o mostram os dados de aplicativos que unem internautas.  O Badoo registrou, por exemplo, mais de 2 bilhões de conexões e quase 3 bilhões de primeiros chats no aplicativo em todo o mundo neste ano, provando que é possível conhecer novas pessoas e até iniciar um novo relacionamento no meio de uma pandemia global.

A analista de dados globais do Badoo, Priti Joshi, compartilhou as seguintes tendências de relacionamentos para 2021.

Webdate: este foi o ano da chamada de vídeo. A ferramenta que promoveu conexões mais íntimas e seguras do conforto de casa continuará forte no ano que vem.

Sexting: considerado um tabu antes, a relação entre sexo e tecnologia (troca de conteúdo erótico por celular) intensificou e, com isso, gerou mudanças na ordem e quantidade de interações sexuais antes de um encontro real.

DMs (mensagens privadas) mais profundas: com restrições mudando diariamente, acompanhadas de incertezas sobre o futuro, muitas pessoas se viram diante uma nova oportunidade quando o assunto é se relacionar. Se antes era necessária apenas uma conversa breve por mensagem para marcar um encontro e então duas pessoas se conhecerem melhor, agora os solteiros estão aproveitando o tempo para terem conversas mais profundas com suas conexões mesmo sem a previsão de um encontro ao vivo.

Desacelerar a paquera: a ausência de encontro na vida real colocou uma ênfase no momento pré encontro. Com isso, a fase da paquera e da conquista online se tornou ainda mais importante e duradoura.

"Dates" mais longos: houve uma mudança nos hábitos de encontros em relação à duração e planejamento dos mesmos. A tendência é que agora os encontros sejam marcados com bastante antecedência, seguindo as novas medidas de segurança e com mais tempo para planejar atividades que não coloquem em risco o casal.

Foco em mim: a maioria das pessoas tem usado mais tempo para refletir sobre si mesmo focando em suas próprias necessidades e desejos mais profundos. A partir disso, surge um novo tipo de solteiro, alguém mais autoconsciente, com uma nova visão e mais aberto a conhecer novas pessoas. Afinal, saber o que você está procurando e quem você é são fatores importantes para criar uma conexão sincera com alguém.

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