MP convoca audiência pública para ouvir Claudia Leitte em caso de remoção de orixá em música
A cantora é acusada de racismo e intolerância religiosa e foi intimada também pelo MP a se manifestar em até 15 dias
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) convocou uma audiência pública para ouvir Claudia Leitte sobre o caso da remoção do nome de um orixá durante apresentação da música "Caranguejo", realizada pela cantora em dezembro de 2024. Um inquérito instaurado pelo órgão apura possível crime de racismo religioso cometido pela artista baiana.
Segundo o g1, os compositores da canção também serão ouvidos pelo MP baiano. O órgão deu ainda 15 dias para Cláudia se manifestar sobre a remoção, feita pela cantora para dar lugar a um nome em hebraico.
Segundo a promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz, o procedimento busca averiguar a responsabilidade civil da cantora por uma suposta violação de bem cultural e de direitos de comunidades religiosas de matriz africana, bem como a possibilidade de responsabilização criminal.
A audiência está marcada para o dia 27 de janeiro, às 14h, no auditório da sede do órgão, no bairro de Nazaré, em Salvador. A defesa de Claudia não foi localizada até o momento da publicação desta matéria.
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Entenda o que aconteceu
A denúncia foi feita após a Claudia Leitte trocar "Iemanjá" por "Yeshuá" na música "Carangueiro" mês passado. Segundo o MP, o caso foi reportado Jaciara Ribeiro, mãe de santo de um terreiro na Bahia, e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro).
Vídeos registrados por fãs mostram a mudança de letras. "Eu canto meu Rei Yeshua (Jesus em hebraico)", cantou Claudia, ao invés de “Saudando a rainha Iemanjá". O show em questão fazia parte dos ensaios de verão da artista, realizados no Candyall Guetho Square em 14 de dezembro.
Ela já tem o costume de fazer essa mudança na canção desde que se tornou evangélica, em 2014. Segundo os denunciantes, ao fazer isso, a cantora age forma difamatória, degradante e discriminatória contra orixás.
Claudia chegou a se pronunciar sobre o inquérito, mas se limitou a dizer que é uma cantora orgulhosa de Axé, sem falar diretamente sobre a decisão de remover o orixá da música.
“Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial. E ainda que eu leve muito a sério fazer carnaval, a gente está falando de uma festa, entretenimento, diversão. Isso tem muitas camadas para ser discutido assim”, disse.
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