"Policiofobia"
A policiofobia é uma construção cultural conceituada como a promoção sistemática do ódio, da aversão, do preconceito, do descrédito e da desmoralização dos profissionais de segurança pública. A policiofobia não é consequência da violência policial ante a população de periferia, e tampouco é uma resultante do período do regime militar. Ela é uma construção artificiosa e ideológica de setores da política, da mídia e da academia, e é propagada, em regra, por indivíduos das classes média e alta que nunca sofreram abusos ou violência de policiais.
Não se pode negar que em meio ao efetivo das polícias exista uma minoria de psicopatas, corruptos e demais bandidos de farda, mas ninguém deseja mais que estes sejam processados e presos do que a grande maioria de policiais honestos e de bem que tem a sua reputação profissional maculada pelas transgressões dos maus policiais. Em nenhum outro grupo profissional, o todo é julgado pela parte através de uma campanha de desmoralização. A mídia abordava o trabalho policial se não de uma forma positiva, mas, pelo menos, de uma forma neutra que possibilitava ao homem comum fazer um juízo de valor solidário aos que arriscam a vida nas ruas na nobre missão servir e proteger a sociedade. De uma hora pra outra fatos isolados começaram a ganhar destaque e serem superdimensionados.
As ações policiais corretas passaram a ser ignoradas, de uma forma que hoje quase toda a cobertura do trabalho policial é de pauta negativa. Após a redemocratização a polícia passou a ser o bode expiatório preferido de pseudointelectuais da academia e da política que, para promoverem a "luta de classes" através de um revanchismo tardio e descabido, fomentam a tolerância ao banditismo e à criminalização da atividade policial. O produto cultural destas ações é a grande inversão de valores que produz enorme sensação de impunidade que fez explodir a criminalidade. Essa mentalidade que odeia a polícia "opressora" invadiu também o judiciário e os policiais foram empurrados assim para uma legalidade que, de tão estreita, virou uma corda bamba onde se o policial age é acusado de abuso e caso se omita é acusado de prevaricação.
Em países de cultura sadia o heroísmo e a bravura da polícia são estimulados. Policiais que trocam tiros com bandidos perigosos são aclamados e valorizados, e são promovidos por bravura. No Brasil, ao policial é presumido quase sempre o erro, a má fé, o excesso, o abuso e, muitas vezes, o crime. Abandonados pelo estado e escutando apenas a parte esquizofrênica da sociedade que os condena, os policiais ficaram entregues à própria sorte e são jogados à omissão. Ante esse quadro, a desumanização da figura do policial veio à reboque. É possível observar psicopatia no ar ao ver que a sociedade não demonstra empatia com os operadores de segurança pública que tombam assassinados por marginais. É como se o discurso de proteção ao banditismo e criminalização da polícia produzisse uma Síndrome de Estocolmo coletiva, onde os indivíduos passaram a ter simpatia por seus algozes e odiar seus protetores.
Não se combate a criminalidade vestindo camisas brancas e pedindo paz. É preciso que a sociedade entenda o velho adágio romano: "si vis pacem, para bellum", que, nos dias de hoje, significaria: se queres paz, apoie a Polícia.
É preciso sustar o cheque em branco da impunidade e valorizar os soldados cidadãos que, ao fazer o enfrentamento direto ao crime, tentam devolver as ruas às pessoas de bem.
FILIPE BEZERRA
Policial rodoviário federal