Vendedor de cachorro-quente Barruada morre em Recife após parada cardíaca

Idoso, de 72 anos, sofria por complicações de infecção respiratória sem ligação com a Covid-19

Legenda: Barruada chegou a fazer dois testes para o novo coronavírus, mas ambos deram negativo.
Foto: reprodução/Instagram

Famoso após viralizar na internet, o vendedor de cachorro-quente Joaquim Antônio, conhecido como Barruada, morreu, na madrugada desta terça-feira (2), em Recife (PE). O idoso, de 72 anos, estava internado no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) desde janeiro, conforme familiares, e morreu por complicações de uma infecção respiratória sem ligação com a Covid-19.

Barruada tinha apenas um pulmão funcionando, já que o outro tinha sido comprometido após o vendedor contrair uma tuberculose. Ele foi transferido do Imip para o Hospital Alfa, no qual recebeu a notícia de volta da infecção pulmonar. Após isso, iniciou o tratamento em casa.

Nesta segunda-feira (1º), contudo, Barruada teve uma piora ao se levantar para ir ao banheiro, sendo levado para o Imip, conforme a filha dele, Camila Maria da Silva, de 26 anos. Joaquim morreu após sofrer uma parada cardíaca ainda a caminho do hospital, segundo o Jornal do Commercio.

A filha ressaltou que o pai, debilitado desde janeiro, sofria de asma e problemas respiratórios. Ele chegou a fazer dois testes para o novo coronavírus, mas ambos deram negativo.

Reconhecimento nacional

O vendedor era figura conhecida por estudantes e trabalhadores que passavam na Rua Dom Bosco, no bairro Boa Vista. Em 2020, Barruada ganhou repercussão nacional ao pedir doações após parar as vendas devido à pandemia de Covid-19. Ele também falou para as pessoas não enviarem mais contribuições após receber mais ajuda do que o necessário para si.

"Aqui é Barruada, que pediu ajuda a vocês. A gente estava olhando a conta em que vocês fizeram os depósitos, as coisas, e a gente tava pensando em parar; vamos parar um pouco, por favor. O que vocês me ajudaram já dá para eu vencer a batalha. Peço a vocês, por favor, parem. Vamos parar um pouco. Se eu precisar, eu peço de novo a vocês. Muito obrigado mesmo pela ajuda, vocês me ajudaram muito. Muito obrigado", disse Joaquim Antônio. O ato de gratidão comoveu usuários da internet e viralizou.

O engenheiro civil Paulo Falcão, estudante do Salesiano entre 1971 e 1979, relembrou a fama de bravo do vendedor. “Ele não dava um sorriso pra ninguém, sempre foi muito sério. Foi a gente que colocou o apelido. No começo, ele não gostava, ficava bravo. Depois, aderiu”, comentou ao jornal Diário de Pernambuco.

“Quando vi que ele estava passando por dificuldades, procurei logo ajudar. Acho que quem passou pelo Salesiano vai se lembrar porque ele faz parte. É como se fosse um amigo de lá”, relatou. O carrinho das vendas segue no local até hoje, mantido pelo filho dele, Mário.