Confecção: como entrar no ramo

Legenda: Sazonal: assim como no comércio, confecções faturam em datas especiais
Foto: FOTO: SILVANA TARELHO
Mercado têxtil e de confecções procura adaptar-se à presença forte de produtos vindos da Ásia

No início do mês de abril, o governo anunciou pacote econômico que deve beneficiar pelo menos 15 setores da economia. As medidas - que devem desonerar a folha de pagamento - fazem parte do Plano Brasil Maior e busca aumentar a competitividade da indústria.

Dentre os 15 setores beneficiados, destacamos o têxtil e de confecções. Apesar da forte concorrência com produtos vindos da China e do cenário de retração dos últimos anos, essa ainda é uma área que gera bons negócios. Em 2011, por exemplo, as exportações de produtos têxteis cearenses alcançaram US$ 86,9 milhões; um crescimento de 23% em relação aos US$ 70,7 milhões de 2010.

Quer sua fatia nesse bolo? Então dê primeiro passo e busque o máximo de informações!

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) orienta: veja se você realmente tem uma oportunidade de negócio nas mãos ou apenas uma ideia na cabeça. Afinal, a atividade de confecção funciona com vendas e lucros. Não basta somente vender.

Para isso, é preciso ter o que o Sebrae chama de Plano de Negócio (PN). O PN equivale a um projeto de sua empresa, no qual é preciso levar em consideração vários questionamentos do tipo: há pessoas interessadas em comprar os produtos que sua confecção vai oferecer? O preço compensa todos seus custos e dá lucro? Você está disposto a enfrentar e comandar a rotina de uma empresa como essa?

Experiência no ramo

Atuando há 20 anos no setor, Ana Batista já produziu peças para diversos públicos. "Comecei com moda íntima. Depois, fiz moda praia, cuecas, trabalhei com bermudas para surfistas até chegar na modinha feminina", lembra.

Ana Batista também explica que há uma certa sazonalidade para quem atua nesse setor. "O ano começa bom, porque temos de repor as mercadorias e oferecer novidade. Esse ritmo vai até o Carnaval.

Quanto termina, só consegue permanecer quem tiver dinheiro (capital de giro), porque não se vende quase nada. Depois, vem os Dias das Mães e dá uma melhorada. É um período que a gente compara com o final do ano, que não tem comparação. É o melhor".

A empresária tem um público certo; são adolescentes, jovens e senhoras das classes C e D. Ana Batista afirma que vende produtos para Manaus, mas seu foco é na capital cearense. Ela possui duas lojas - uma na periferia de Fortaleza e outra no Centro.

Ameaça chinesa

De acordo com dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), a participação de manufaturas têxteis importadas - fios, tecidos, malhas e outras matérias-primas - representam 31,6% da produção no Brasil. Os artigos de vestuários vindos da

Ásia - com mais força da China - dominam 10% de todo o varejo brasileiro. Por aqui, os empresários tentam administrar a situação, equilibrando o uso de materiais nacionais e importados.

"O jeito é acompanhar os preços de lá. Mesmo sem importar diretamente, pagamos um valor mais em conta. É tudo mais barato", comenta Ana Batista, que mesmo diante desses detalhes consegue manter 20 profissionais contratados, além de ter outras 13 facções - pequenas confecções independentes - que costumam lhe prestar serviço.

"Esse é um ramo em que a gente aprende todo dia. Sempre tem coisa nova. A mulher é sempre muito exigente. Se aparece um modelo na novela, por exemplo, já tem gente no outro dia vendendo nas lojas", empolga-se.

O investimento inicial para uma confecção deve levar em consideração muitas situações (confira tabela acima). Antes de investir, a dica é pesquisar, estudar e relacionar todas as despesas como imóvel, instalações, equipamentos, contratações de serviços e empregados, treinamento, documentação, legalização da empresa, etc.