Pai presente

A união entre homem e mulher nos momentos que antecedem e sucedem o parto é uma grande oportunidade de crescimento. Profissionais ensinam como os papais podem aproveitar para demonstrar todo seu amor às mamães.

O parto é um momento inesquecível para a mulher. A oportunidade de ter o filho nos braços e sentir seus primeiros momentos é uma experiência marcante para a vida toda. Para isso, o pai pode e deve se preparar para estar presente nesse acontecimento único. Essa participação faz a diferença, em todos os sentidos – para a mãe, para o bebê e para o próprio homem. “Pesquisas comprovam que a presença do pai melhora a saúde da mãe e do bebê, além de aumentar o índice de satisfação dessas mulheres com relação ao momento do nascimento de seus filhos. É, sem dúvida, quando em comum acordo com a mulher, uma presença marcante que traz confiança e tranquilidade”, avalia a doula e assistente social Nayana Alcoforado Rios (foto abaixo).

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Para a mulher, o maior ganho é no aspecto emocional, porque durante a gestação ela passa por alguns momentos de anseio, insegurança e medo – naturais, principalmente quando se é mãe de primeira viagem. “Ela precisa de amparo, apoio, acolhimento. Por mais que haja pessoas da família, amigas, doulas... o pai do bebê é alguém em quem ela confia e com quem se sente segura. Essa convivência mútua fortalece os laços e traz mais presente o senso de responsabilidade pelo novo ser que vem chegar no seio da família”, observa a enfermeira obstetra e doula Carolina Mendes Cruz Araújo (foto abaixo).

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Trata-se, na verdade, de uma mudança de paradigma, pois há pouco tempo se falava no binômio mãe/bebê na hora do parto, e hoje, após perceber a importância da  participação do pai, os especialistas consideram um trinômio: mãe/bebê/pai. “Estamos vivendo uma reflexão profunda sobre o que é ser pai nos dias de hoje. A figura paterna ultrapassa a ideia de mantenedor do lar. Traz responsabilidades, questionamentos e escolhas, como: que tipo de relação você quer ter com seus filhos? Você quer ser um pai presente na vida deles? Uma boa maneira é começar pelo princípio, na gestação e no nascimento”, sugere Nayana Alcoforado.

Acompanhamento
Mas até chegar a hora do nascimento, o pai pode vir se preparando, sendo participativo durante os nove meses de espera pela chegada do bebê. “Mesmo com a correria do dia a dia, existem maneiras de o pai chegar mais perto: ir às consultas de pré-natal, participar da construção do quarto do bebê e da compra do enxoval, fazer massagens na mulher quando ela tiver os pés inchados, ter momentos de lazer, respeitar as horas de cansaço físico e emocional da mulher, ampará-la em suas dificuldades e seguir junto, compreendendo cada momento. É estar junto dela de verdade”, comenta Carolina Mendes.

Nayana Alcoforado reforça que no dia do nascimento o pai pode contribuir bastante, estando atento ao ambiente para garantir o conforto que a mãe merece e para que as vontades dela sejam atendidas pela equipe de saúde. “Ofereça a mão para ela segurar, crie um clima tranquilo na sala de parto, por exemplo, colocar músicas que a agradem. Quando o bebê nascer, parabenize a mãe, que naquele momento está se reconstruindo também”, aconselha a doula da empresa Colo de Doula.

Amparo
Para os homens que têm algum receio de “como será”, Carolina Mendes ressalta que o pai não precisa fazer um curso ou treinamento para isso. “Nós trabalhamos esse momento realizando rodas de gestante, as quais o pai frequenta, busca informação, inclusive sobre o parto”, explica. “Por mais habilidade que uma enfermeira/ doula tenha em amparar a mulher no trabalho de parto, nada substitui a presença do pai naquele momento. Ele é um sentimento que permanece em sintonia com a mulher o tempo todo, que recebe esse filho(a), que entrelaça olhares com esse bebê, respira junto, segura, apoia, os corações pulsam junto todo o tempo”, descreve a doula da empresa Jasmim para Gestantes. 

O pai que está decidido a participar do parto deve saber, entre outras coisas, que ele não é uma “visita” nesse momento, ressalta Nayana Alcoforado. “Nenhuma instituição pode proibir a entrada do pai e impedir que ele assista o nascimento de seu filho. A Lei do Acompanhante (Lei Federal n° 11.108) permite a presença do pai, se a mulher desejar, independente do tipo de parto (vaginal ou cesariana)”, informa a doula. “O homem é o guardião desse momento e sua presença diminui os casos de violência obstétrica”, destaca a profissional, sócia da Colo de Doula. 

Para os homens que ainda têm dúvidas, se participam ou não do nascimento do filho, as profissionais aconselham: não tenham receio de estarem presentes. “Deixar de participar é perder o momento mais sublime de sua vida, uma experiência única e fortalecedora, importante para a propagação do amor em sua vida. Um casal, após uma experiência de parto, se renova, amadurece, cresce, se fortalece e recebe um sentimento de responsabilidade que traz força para cuidar daquele filho por toda sua existência. É a materialização do amor do casal”, opina Carolina Mendes Cruz Araújo. “É um presente ver o primeiro suspiro do seu filho. O pai que vive essa experiência também sai muito transformado e consegue estabelecer uma relação diferenciada com filho, fortalece o vínculo com a mulher e olha de forma diferenciada para todo o processo de gestar e dar à luz. É um momento tão poderoso que afeta todas as pessoas envolvidas”, garante Nayana Alcoforado Rios.

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