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Roberto Cláudio cobra discussão de gênero no PT em Fortaleza: 'Vale para 2022 e não vale para 2024?'

O presidente do PDT Fortaleza concedeu entrevista ao PontoPoder nesta quinta-feira (7) e comentou sobre a disputa interna no PT Fortaleza para lançar um candidato

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Roberto Cláudio comentou sobre o processo de montagem de chapa do PT
Legenda: Roberto Cláudio comentou sobre o processo de montagem de chapa do PT
Foto: Ismael Soares

O presidente do PDT Fortaleza, Roberto Cláudio, cobrou que o PT discuta internamente sobre a representatividade de gênero em meio à disputa interna sobre quem irá liderar a chapa petista na corrida pela Prefeitura da Capital. A cobrança ocorre porque lideranças do PT do Ceará chegaram a acusar o PDT, em 2022, de violência política de gênero quando Roberto Cláudio foi escolhido para disputar o Governo do Ceará e não a então governadora Izolda Cela.

O dirigente partidário concedeu entrevista, nesta quinta-feira (7), aos editores de Política do Diário do Nordeste, Jéssica Welma e Wagner Mendes, durante a live do PontoPoder. Ele relembrou o processo de montagem da chapa do PDT em 2022, quando a escolha de seu nome fez a base governista rachar e o PT lançar uma candidatura própria — que saiu vitoriosa.

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“Nada como o tempo para fazer aflorar as verdades. A política, infelizmente, é cheia de manhas e narrativas que tentam dar à população uma impressão diferente do real (...) e vocês recordam da nossa pré-candidatura no PDT à época, o PDT foi acusado de uma questão de gênero porque havia uma pré-candidata, a ex-governadora Izolda (Cela), que é mulher. O PDT fez uma escolha democrática, em uma reunião de diretório com voto aberto, pela minha candidatura e de imediato veio essa acusação de uma ‘candidatura’ de gênero”
Roberto Cláudio
Presidente do PDT e ex-prefeito de Fortaleza

A decisão pela candidatura do ex-prefeito ocorreu em 18 de julho de 2022 por maioria de votos dos integrantes do diretório regional do PDT. Nas últimas semanas antes da escolha, Izolda mobilizou um amplo movimento de apoio público por parte de deputados estaduais e de prefeitos cearenses. Já Roberto Cláudio teve apoio de lideranças pedetistas nacionais e do município de Fortaleza.

“Violência política de gênero”

Após a montagem da chapa, a deputada federal Luizianne Lins (PT) prestou solidariedade a Izolda. “Teve seu direito à reeleição impedido pela violência política de gênero”, escreveu a petista. 

Atualmente, a parlamentar trava uma disputa acirrada com o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão, sobre quem irá liderar a chapa petista para a Prefeitura de Fortaleza. Além deles, completam a lista de pré-candidatos o presidente do PT Fortaleza e deputado estadual em exercício, Guilherme Sampaio, a deputada estadual Larissa Gaspar, e o assessor especial do Governo do Ceará, Artur Bruno.

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Recém-ingresso no PT, o nome de Evandro já chegou forte com apoio de lideranças de peso na sigla, como o ministro Camilo Santana (PT) e o líder do Governo Lula na Câmara, o deputado José Guimarães (PT). 

“Quando eu digo que nada é melhor que o tempo para as verdades aflorarem, eu pergunto: E agora, José? E agora? O que o PT tem a falar sobre esse debate municipal sobre pré-candidaturas? Esse argumento vale para 2022 e não vale para 2024? Paro por aqui para não parecer uma coisa de fígado” 
Roberto Cláudio
Presidente do PDT e ex-prefeito de Fortaleza

Sobre 2022, mas de olho em 2024

Questionado sobre o contexto eleitoral de 2022, quando Izolda era governadora e aliados defendiam seu direito à disputa da reeleição, Roberto Cláudio ponderou que o debate sobre gênero surgiu antes mesmo da escolha.

“Em fevereiro ou março, o PT já manifestou a preferência defendendo o direito da mulher candidata, isso é legítimo, muito legítimo, só não parece coerente dois anos depois... Vão ter que dar explicações, vão ter que se explicar”
Roberto Cláudio
Presidente do PDT e ex-prefeito de Fortaleza

“E em defesa da história, lançamos um processo em outubro de pré-candidaturas e havia a possibilidade da saída do então governador Camilo e posse da governadora Izolda. Se esse fosse um argumento variável, não era para ter havido nenhum tipo de disputa interna do partido, era para ter aguardado essa decisão, mas essa não foi a regra e o combinado do jogo”, acrescentou.

“O tempo é rápido, às vezes as pessoas precisam contar uma narrativa para si mesmo, para poder olhar no espelho, acordar, não ter dor de consciência e viver. Às vezes, por algum espaço que tem privilegiado de opinião ou influência acaba que essa narrativa vai crescendo e confundindo a opinião pública do que é realmente real, eu desisti de tentar convencer as pessoas da minha própria história e resolvi acreditar que o tempo é o melhor decantador. E está sendo rápido”, concluiu.

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