Eleições 2022: a disputa pelo Senado no Ceará em 5 pontos

Uma das três cadeiras que o Estado têm direito na Casa estará em disputa em outubro deste ano

Em 2022, uma das três cadeiras do Ceará no Senado estará em disputa nas eleições. Por enquanto, existem poucas definições sobre quem serão os nomes para concorrer à Câmara Alta do Congresso Nacional. Mas as negociações estaduais - inclusive das alianças para a corrida eleitoral pelo Palácio da Abolição - devem passar pela composição da chapa para senador. 

Diferentemente das outras disputas pelo Parlamento, a eleição para o Senado é majoritária, ou seja, ganha quem tiver o maior número de votos. Como o mandato para senador é de oito anos, a cada eleição geral, o número de candidatos escolhidos pela população ao Senado varia. 

Em 2018, duas vagas estavam em disputa, sendo ocupadas pelos senadores Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Podemos). Agora, a vaga disputada será a que é ocupada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB), que encerra o mandato no dia 31 de janeiro de 2023. 

Com mais indefinições do que certezas, confira quais articulações já começaram a ser feitas visando o pleito de outubro:

Fim do mandato de Tasso Jereissati

No último ano de mandato, Tasso Jereissati ainda não confirmou se irá ou não se candidatar à reeleição. O tucano chegou a ser cogitado, no ano passado, como possível pré-candidato do PSDB à Presidência da República. 

Contudo, acabou desistindo de concorrer para apoiar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que foi derrotado nas prévias internas pelo governador de São Paulo, João Dória. 

Apesar de ser dada como certa nos bastidores, Tasso admitiu pela primeira vez a possibilidade de não concorrer à reeleição apenas em setembro do ano passado, em entrevista ao portal Metrópoles. 

Também em 2021, em entrevista ao colunista do Diário do Nordeste Inácio Aguiar, ele disse que considerava que estava "na hora de renovar mesmo", mas que aprendeu que na política "a gente nunca diz 'dessa água não beberei'''

A definição do tucano deve ser importante para as articulações em torno da sucessão do governador Camilo Santana (PT). Apesar do PSDB ser da oposição à legenda petista, Tasso teve uma reaproximação com lideranças do PDT, como o ex-ministro Ciro Gomes e o próprio senador Cid.

A sigla tucana chegou a integrar a aliança para eleição do prefeito de Fortaleza, José Sarto, em 2020.  

Candidatura de Camilo Santana

O primeiro nome lançado como pré-candidato por um partido, foi o do governador Camilo Santana, do PT, no sábado (29), em evento do Diretório Estadual. Encerrando o mandato em 2022, ele, no entanto, tem evitado declarações públicas sobre a pré-candidatura.

Em entrevista à Rádio Verdes Mares, no último dia 16 de dezembro, o governador disse que está "à disposição", mas que a intenção era discutir o assunto apenas agora, em 2022. 

“Não tenho projeto pessoal. Temos um projeto de Estado. É muito bom ver que o Ceará tem a melhor educação do Brasil. Isso é a esperança para nossa juventude. Temos um projeto sério, comprometido com o Estado e é isso que quero manter”, afirmou à época. 

Para se candidatar ao cargo, Camilo Santana terá que renunciar, ainda nesse primeiro semestre, ao cargo de governador. 

Além do apoio direto no partido, o líder do PDT no Ceará, o senador Cid Gomes, já afirmou que Camilo é "um candidato natural ao Senado". Já o ex-presidente Lula (PT), em visita ao Ceará em agosto de 2021, afirmou que Camilo estava "com cara de senador"

A candidatura do atual governador também pode facilitar a continuidade da aliança entre PT e PDT no Estado, com a sigla pedetista saindo como cabeça de chapa para a disputa pelo Palácio da Abolição. "É natural que, se eu sair para uma disputa de Senado, a vaga de candidato a governador seja do PDT", afirmou Camilo em dezembro. 

Nome da Oposição

Opositor ao governador Camilo Santana, o senador Eduardo Girão (Podemos) afirma que pretende se "engajar" na campanha para o Senado, principalmente como forma de garantir a renovação. 

"A nossa luta é para que a gente possa ter uma oportunidade de renovação, para que o novo senador do Ceará se posicione com essas bandeiras de reformulação do Judiciário, para que o Brasil possa se destravar, para fortalecer o combate à corrupção. Precisamos de mudança no Senado Federal também", afirma. 
Eduardo Girão
Senador

Ele cita que pretende dar apoio a candidato que defenda bandeiras como a CPI Lava Toga, a discussão sobre a prisão após segunda instância e a possibilidade de mandato para os Tribunais Superiores. "Renovar o Senado (com parlamentares) que sejam a voz das ruas. E não que cheguem lá e que vão fazer o mesmo jogo que está lá", afirma.

Um dos apoiadores da pré-candidatura do deputado federal Capitão Wagner (Pros) ao Palácio da Abolição, Girão ainda não tem um nome definido de quem irá apoiar ao Senado.

O grupo político comandado por Wagner deve iniciar essa discussão de maneira mais intensa a partir de agora. Alguns nomes já foram colocados informalmente, mas ainda devem ser discutidos. 

Um dos que se coloca como pré-candidato ao Senado e quer conversar com Wagner sobre aliança para a disputa por uma cadeira é o vereador Inspetor Alberto (Pros). O parlamentar, que deve se filiar ao PL após a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao partido, aguarda definições da nova sigla para bater o martelo sobre a candidatura. 

"O deputado André Fernandes esteve há uns 15 dias em Brasília e o presidente assinou que sim (para a candidatura de Alberto)", afirma o vereador. "Quem está segurando é o partido, que ainda está resolvendo porque são 27 estados. O presidente quer um candidato ao Senado em cada estado pelo PL", completa. 

A expectativa é de que, após confirmado pelo partido, ele possa iniciar as tratativas com Capitão Wagner para uma aliança. Com a perspectiva de Wagner se filiar ao União Brasil e com a própria filiação ao PL ainda em compasso de espera, Inspetor Alberto afirma que "quando formalizarmos isso, vamos sentar para articular essa situação". 

Perspectiva de outros nomes

Apesar de ter poucos nomes confirmados, a disputa pelo Senado costuma ser acirrada. Em 2018, foram 11 candidatos para as duas vagas em disputa. 

Alguns deles, como o ex-senador Eunício Oliveira (MDB), não devem tentar candidatura para a Casa. Ex-presidente do Senado, foi derrotado na tentativa de reeleição em 2018. Aliado de Camilo Santana, Eunício deve ser candidato à Câmara dos Deputados em 2022.

Partidos mais à esquerda costumam lançar candidatos ao Senado, inclusive para fortalecer o palanque da disputa estadual. Em 2018, Psol lançou Anna Karina e Pastor Simões. O PCO também tentou a vaga com a candidatura de Alexandre Barroso. 

Renovação no Senado

Tasso Jereissati não é o único senador que encerra o mandato em janeiro de 2023. Das 81 vagas de senador, 27 estarão em disputa em 2022. Alguns nomes inclusive conhecidos podem ficar sem mandato. 

Dentre eles, o ex-presidente do Senado e atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP); o presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM); e a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que lançou pré-candidatura à Presidência da República.