Editorial: Todo cuidado é pouco

Embora de menor intensidade, mas com o mesmo potencial de infecção, uma segunda onda da Covid-19 avança sobre a Europa, onde alguns governos já decretaram medidas de isolamento, ao mesmo tempo em que preparam sua rede de hospitais para o atendimento dos infectados. Agora, porém, não só na Europa, mas no resto do mundo, os profissionais da saúde já acumulam experiência suficiente para combater com eficiência essa doença pandêmica.

Aqui no Brasil, o registro de novos casos da doença caiu a mais da metade, assim como o registro de óbitos, mas, como na Europa, teme-se que recrudesça essa estatística – em estados do Norte, como o Amazonas, anota-se o crescimento do número de pessoas acometidas pela Covid. A possibilidade de recidiva acentua-se pelo relaxamento de medidas adotadas no início da pandemia, em março e abril, como o isolamento social rígido e a proibição de aglomerações, incluindo cultos religiosos, shows musicais, festas de casamento e eventos similares. 

Hoje, sete meses depois dessas duras restrições, o quadro sanitário do País, causado pela Covid, varia de região para região, de cidade para cidade. Em Fortaleza, no mesmo instante em que se proíbe, outra vez, a realização de eventos aglomerativos em ambientes fechados, é permitida a realização de passeatas, carreatas e comícios próprios da campanha para as eleições municipais do próximo dia 15 de novembro. Profissionais da área de eventos – humoristas, músicos, cerimonialistas, entre outros – estão impedidos de exercer seu trabalho, no mesmo instante em que multidões comparecem aos atos eleitorais. O que deve prevalecer, neste momento de expectativa sobre o que a pandemia reserva para o curto prazo aqui e no mundo, é o bom senso de quem governa e dos governados. Está provado que a aglomeração – em ambientes abertos ou não – contagia, e esse contágio, como já se provou, inclusive na Casa Branca e no Palácio do Planalto, atinge democraticamente todos os elos da corrente de poder, por mais poderosa que ele possa ser. 

Enquanto a ciência não oferecer aos mais de 7 bilhões de habitantes deste planeta a vacina imunizadora, a ameaça da Covid-19 seguirá causando prejuízos de toda ordem à sociedade, à economia e às finanças. Por causa dela, o mundo virou de ponta cabeça e novos hábitos de vida surgiram, a começar pela maneira de trabalhar e de reunir-se, agora feita pelo modo virtual oferecido pela melhor Tecnologia da Informação.

Estão a caminho vacinas contra a Covid-19. Assim, é aconselhável que haja obediência aos protocolos sanitários, por mais paradoxais que possam parecer. Este é um tempo difícil que está prestes a ser superado, não obstante o alerta que, novamente, foi acionado pelos governos europeus. 

Uma campanha de esclarecimento, pelos meios de comunicação, entre os quais as redes sociais, seria muito bem-vinda agora para orientar e acalmar a população, para grande parte da qual parece que o pior já passou e que já pode sair à rua para fazer o que bem entender. É o entendimento equivocado, pois o pior só passará quando todos estivermos imunizados contra a doença, e isto demorará vários meses ainda. Neste instante, como há sete meses, todo o cuidado com a saúde é e será pouco.


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