Editorial: Saúde e prevenção

Prevenção e preparo. Adiantar-se ao problema, enquanto ele ainda é risco, para que, caso se concretize, os danos sejam minimizados. São essas as linhas mestras da orientação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para os países da região, alertando para a necessidade de intensificação de planos e ações de resposta à doença causada pelo coronavírus 2019 (COVID-19).

Nesta semana, o Brasil registrou seu primeiro caso da doença, de um paciente que contraiu a infecção na Itália. O país europeu é o novo centro de surto do vírus. Até o momento, o COVID-19 foi identificado em mais de 81 mil, de 38 países ao redor do mundo. Apesar de ter se espalhado, a situação mais grave continua a ser da China, com cerca de 79 mil casos diagnosticados.

A avaliação da Opas é  que, caso houvesse um surto de COVID-19 nos países da América Latina e do Caribe, os serviços de saúde pública sofreriam um impacto significativo, com chances de sobrecarga. Também se projeta que haveria um aumento significativo de serviços hospitalares especializados, como terapia intensiva. Situações do tipo  custam caro aos cofres públicos e exigem manejo de equipamentos e pessoal especializado de forma ágil para evitar o agravamento do caso.

Somam-se esforços conjuntos entre países e regiões do mundo, ações nacionais e, não menos importante, o preparo interno das cidades. O objetivo, por mais difícil que possa ser, é o de interromper transmissão. A apreensão em relação à disseminação da nova variante do coronavírus tem a ver, em parte, com a consciência do risco de epidemias globais em tempos que o ir e vir entre países é mais fácil e rápido do que outrora. 

Os coronavírus são uma família viral, documentada desde a década de 1960. Causam infecções respiratórias, em animais e seres humanos. Sua transmissão se dá de pessoa para pessoa, por meio de gotas de saliva e contato com superfícies assim contaminadas. Por conta disso, o isolamento de doentes e o recurso de quarentenas para suspeitos são empregados; e o uso de máscaras e outros recursos higiênicos, como luvas, adotados pela população de lugares onde há surtos da doença. 

Contudo, a situação do Brasil não é caso para pânico. Afinal, o pânico, em qualquer circunstância em nada contribui para o sucesso da reação ao avanço das doenças. Pelo contrário, fomenta a ignorância e prolifera a desinformação.

Informação qualificada, veiculada de forma ágil e com alcance abrangente, é um elemento fundamental para conter o avanço de doenças. Em tempos de fake news e do crescimento de discursos anticiência, é necessário se reforçar os critérios para se obter informações, devendo ser privilegiadas as fontes de credibilidade garantida.

Contra o alarmismo, a Opas destacou o trabalho dos países das Américas de combate à influenza, adotado de forma coordenada desde 2009. Há ações similares em curso para se garantir o recomendado pelo organismo internacional: articulação multissetorial para intensificar a vigilância de casos suspeitos, preparação dos serviços de saúde, com estabelecimento de protocolos para lidar com casos suspeitos e diagnosticados e a manutenção dos serviços de saúde básicos.