Editorial: Outubro rosa

Outubro se colore, mais uma vez, de rosa. Trinta anos atrás, primeiro nos EUA e, anos mais tarde, também no Brasil, o mês tornou-se marco da intensificação nas ações de prevenção e enfrentamento do câncer de mama. Mais recentemente, a campanha Outubro Rosa incorporou em suas ações de conscientização acerca dos riscos de outro câncer que atinge a população feminina, o de colo do útero.

Os números dão uma dimensão desse mal e reforçam a importância de, conjuntamente, a sociedade lançar mão de esforços em diversas frentes para minimizar suas dores e perdas. Globalmente, o câncer de mama é o mais incidente na população feminina, representando um quarto do total de casos em 2018 (último ano com dados consolidados). Isso representa aproximadamente 2,1 milhões de casos novos registrados. Entre as mulheres, é causa mais frequente de morte por câncer; e em geral, considerando as populações masculina e feminina, a doença fica na quinta posição das causas de morte por câncer.

A proporção se repete em todos os territórios. No Brasil, é igualmente alta. No País, não considerados os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o tipo de maior incidência nas brasileiras de todas as regiões. A projeção do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), do Ministério da Saúde, é que, neste ano, sejam diagnosticados 66 mil novos casos da doença - uma taxa de 43,74 registros por cada grupo de 100 mil mulheres. É a primeira causa de morte por câncer na população feminina brasileira, com 13,84 óbitos/100 mil mulheres.

No Ceará, a estimativa feita pelo Inca é que sejam identificados 2.510 novos casos de câncer de mama até o fim do ano. Há de se atentar para outro dado: os diagnósticos da doença no Estado tiveram um aumento de 40% nos últimos 10 anos - elevando a taxa de incidência de 9,98 para 15,92 por 100 mil mulheres.

Uma série de fatores precisa ser levado em conta para que se possa compreender as causas de a doença se manifestar. Inclui, dentre outros, o histórico genético familiar. Pela imprevisibilidade e agressividade da doença, é fundamental que se adotem medidas preventivas, estimulando hábitos saudáveis que possam refletir na saúde das mulheres e, principalmente, fazendo acompanhamento para que diagnósticos positivos sejam obtidos o mais cedo possível.

O tratamento precoce, como se sabe, aumenta as chances de sucesso contra a enfermidade.

Sabe-se que o sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulos nos seios, duro e irregular, que podem ser identificados no autoexame. Este é indispensável, sobretudo para a população feminina com mais de 40 anos, na qual crescem os números de casos e mortes.

Esses são indicativos que potencializam os diagnósticos ainda nos caso iniciais. Dependem, claro, do serviço de especialistas, mas exigem atenção também das pessoas. Saber como realizar o autoexame, e fazê-lo com regularidade, é indispensável. Estado - em suas instâncias federal, estadual e municipal - e sociedade civil devem trabalhar, no sentido de ampliar o acesso à informação e a serviços médicos necessários para que se possa reduzir o número de casos e, em especial, de mortes pela doença.


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