Editorial: Cuidados necessários

A irrupção da Covid-19 no começo deste ano tomou o mundo de assalto, sem condições imediatas de responder ao desafio. A adoção de medidas rigorosas de distanciamento social, com suspensão temporária da maior parte das atividades econômicas e sociais, foi uma decisão a qual não cabiam alternativas. O objetivo, naquele instante, era o de retardar o ritmo da escalada de casos da doença, para que o sistema de saúde fosse capaz de atender a demandas de pessoas infectadas em busca de tratamento. Como se sabe, contudo, esse investimento na saúde da população teve seu preço, no que toca à economia.

No Ceará, todas as regiões avançaram no plano de retomada das atividades. A sociedade continua a fazer ajustes para que o cotidiano se pareça cada vez mais com aquele do pré-Covid-19. Adotam-se novos hábitos impostos pelas condições sanitárias extraordinárias, enquanto se busca recuperar a economia local, abalada, como aconteceu mundo afora, por meses de paralisação ou, em alguns casos, de funcionamento parcial.

Sobre as condições que se vive hoje, há duas constatações a serem feitas. A primeira é que, a despeito das limitações existentes, elas são resultado de uma conquista, de esforços públicos e privados, institucionais e individuais. Os meses de isolamento mais cerrado, de dificuldades de se manter sob suspensão e sem uma ideia precisa do futuro, foram fundamentais para que as taxas de infecção e o número de mortes fossem achatados. 

A segunda constatação é a de que, dado o período tumultuado atravessado até o momento, não se pode permitir que a crise na saúde volte a se agravar. Advinha-se o custo em vidas caso isso ocorra e antecipe as consequência também danosas para uma economia que não se restabeleceu prontamente.

Tais constatações reforçam que é imperativo se seguir, rigorosamente, protocolos sanitários capazes de garantir o máximo de segurança possível, enquanto as atividades econômicas e sociais sejam realizadas. As adaptações nem sempre são fáceis e, com frequência, implicam em mais gastos, particularmente pesados, por conta das consequências econômicas da crise até aqui.

Nesse sentido, é oportuno o anúncio do estabelecimento de um protocolo para avaliação de passageiros que chegarem ao Ceará vindos de destinos estrangeiros. A retomada parcial de voos internacionais no Aeroporto de Fortaleza é uma boa notícia, que vem acompanhada de preocupação quanto à ameaça de uma segunda onda de contaminação por Covid-19 que tem deixado toda a Europa em alerta. A expectativa do Governo do Estado é que, até a próxima semana, o protocolo completo comece a ser adotado, incluindo, dentre outros procedimentos, testagem para detectar a infecção por Covid-19.

Adotar cuidados do gênero não é excessivo. A pandemia, é duro, porém necessário reconhecer, persiste. O imperativo de cuidar individual e coletivamente também. Manter o máximo de controle possível sobre o contágio da doença, de forma a limitar o número de casos, para que os serviços de saúde consigam atender as demandas é fundamental, para preservar vidas e garantir que a economia siga se recuperando. Prudência e disciplina devem pautar ações do gênero, em benefício de toda a sociedade.