Um dos países mais afetados pela Covid-19, o Brasil se converteu num campo de guerra contra a pandemia. O Ceará, junto ao Rio de Janeiro e São Paulo, enfrentou meses dificílimos, já no começo da crise sanitária. assado o pico de contágio da primeira onda da doença, o Estado apresenta números promissores. Diante do futuro ainda incerto, é um bom presságio a sinalização positiva da Organização Mundial da Saúde (OMS), quanto ao panorama nacional de enfrentamento ao coronavírus. Na avaliação da OMS, o País atingiu estabilidade no número de novas infecções. Algumas partes do território nacional mostram até mesmo tendência de queda, segundo o organismo internacional. O reconhecimento veio, como esperado, acompanhado de um alerta, para que os cuidados e ações de combate à doença não sejam reduzidos, e uma exortação para o Brasil se empenhe ainda mais para suprimir a transmissão. Nas palavras do diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, para o momento, é “necessária uma resposta muito forte e dedicada”. O alerta da OMS está alinhado com o entendimento das autoridades sanitárias, de que as orientações dadas até aqui seguem não apenas válidas, como necessárias: a observância do distanciamento social; a higienização de superfícies e objetos; o cuidado redobrado com as mãos, com uso de água e sabão ou de álcool gel; o uso de máscaras apropriadas e de forma correta. A preocupação dessas orientações é motivada, por óbvio, pela gravidade da doença e pelos riscos que apresenta. Mas também é movida pelo imperativo de impedir que a população e suas instituições se deixem atordoar pela vertigem das boas notícias, que tome o progresso no combate à Covid-19 por uma vitória já consumada e irrevogável. Os exemplos mundo afora, a serem considerados apenas os países que melhor enfrentaram a crise, mostram que recuos podem acontecer. Contudo, estes também podem ser evitados ou minimizados, a depender do comprometimento assumido com as recomendações de especialistas, nesta nova e, espera-se, provisória normalidade. Não é preciso ir tão distante para se vê o quão complexa é a realidade do enfrentamento da pandemia e o porquê de OMS, mesmo reconhecendo a tendência de estabilidade dos novos casos no Brasil, insistir em adjetivar o período pelo qual o País passa como "difícil". O Ceará, para recorrer ao exemplo mais imediato, tem cidades com diferentes níveis de transmissão. Sete municípios estão com número de reprodução efetiva de casos em “média transmissão” para o coronavírus; 177 das cidades cearenses estão com taxa acima de 1, configurando “alta transmissão”, o que indica que o vírus segue circulando. A "baixa transmissão" ainda não foi registrada em qualquer município do Estado. É preciso ter clareza para distinguir as particularidades dos quadros panorâmicos. Não se pode tomar a média pelo particular, sob pena de não se dar a atenção devida ao desafio que a pandemia impõe. Há locais que demandam rigor e disciplina, que precisam estar cientes do momento que vivem. As frentes da batalha contra a Covid-19 nem sempre avançam no mesmo ritmo, mas, para o bem comum, demandam que cada um faça sua parte como é devido.