Editorial: A virtude de decidir

Governar é, primordialmente, decidir. O bom governante é aquele que, nos momentos mais difíceis, toma decisões cujo acerto ou desacerto só emergirá no futuro. Neste momento de pandemia causada pelo novo coronavírus, o governador do Ceará, Camilo Santana, tem tomado acertadas decisões, tanto no combate aos seus efeitos sanitários quanto as suas consequências sociais e econômicas. Suportado pela orientação técnico-cientifica da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e de sua Secretaria da Saúde, ele vem pautando a gestão dessa autêntica guerra contra o vírus por atitudes que combinam bom senso e oportunidade.

O Estado do Ceará é um dos três que mais casos comprovados de coronavírus há registrado. Mas, desde o início da crise, seu governo subordina-se a critérios científicos, razão pela qual tomou duas decisões simultâneas: em primeiro lugar, decretou o isolamento social, proibindo o funcionamento das atividades não essenciais na indústria, no comércio e no serviço; em segundo, pôs em execução o plano de preparar a estrutura estadual de saúde para enfrentar o agravamento da pandemia, previsto para este mês de abril. Apoiado pela iniciativa privada - que segue mobilizada na arrecadação de doações para a compra de materiais e equipamentos necessários ao enfrentamento desta emergência - o governo amplia e moderniza seus hospitais existentes, arrenda e equipa, em tempo recorde, um particular que estava inativo e instala, em parceria com as prefeituras, hospitais de campanha com toda a estrutura de pronto-atendimento, incluindo Unidades de Tratamento Intensivo.

Ao mesmo tempo em que foca sua prioridade na guerra pandêmica, o governador Camilo Santana olha, com idêntica preocupação, para o avanço do desemprego, cujo epicentro está no setor de serviços, incluindo o turismo - dois hotéis de cinco estrelas de Fortaleza fecharam por falta de clientes e só reabrirão após o fim da pandemia. Equilibrando-se numa corda bamba, o governo cearense usa toda sua capacidade para reduzir ao mínimo os prejuízos dos agentes econômicos, principalmente dos micro e pequenos negócios responsáveis por 85% dos empregos formais e informais, para oferecer o máximo de eficiência à sua estrutura de saúde e, ainda, para impedir que a inevitável queda de arrecadação tributária ponha em risco o cumprimento dos seus elementares compromissos, como o pagamento de sua folha de pessoal ativo, aposentados e pensionistas. Não é pouca coisa.

Ao prorrogar até o dia 5 a quarentena em toda a geografia cearense, o governador Camilo Santana tomou outra decisão correta e importante. É o isolamento social - segundo os cientistas - que reduzirá, no Ceará e no País como um todo, a tragédia do coronavírus. Esse tempo de privação da liberdade de ir e vir é o necessário para a preparação e ampliação da rede pública de saúde, incluídos os postos de saúde, as UPAs, os hospitais regionais e os de campanha.

Quando esta aguda e inédita crise sanitária for vencida, não apenas o Governo do Estado do Ceará, mas também sua população, nela incluídos os agentes econômicos, terão outro entendimento do que é e do que não é essencial à vida e aos negócios.