Ecomuseu: patrimônio da Capital

Uma pequena conquista, mas de significado imenso, foi o reconhecimento oficial do Ecomuseu do Mangue da Sabiaguaba. A partir de decreto no Diário Oficial do Município, publicado na última segunda-feira (21), o espaço ambiental que existe há 19 anos agora se torna patrimônio histórico-cultural e natural de Fortaleza. Um local que promove conhecimento e o turismo educacional sem agredir o mangue, que preserva e incentiva a conservação. É um alento, e o registro oficial, pelo poder público municipal, é sinalização do que se pode fazer pelo futuro do manguezal. 

Criado em 2001, o museu de ciências naturais faz parte da Área de Proteção Ambiental do Parque das Dunas da Sabiaguaba. Sendo um museu a céu aberto, porque é o próprio mangue, o lugar recebeu ao longo de quase duas décadas milhares de visitantes, entre estudantes, pesquisadores ou apenas curiosos para conhecerem com mais detalhes de que é feita esta parte de Fortaleza. Numa pequena sala rodeada de floresta, é possível observar amostras de espécies locais, seja da fauna, como da flora, mas é só um pequeno recorte. 

O principal está do lado de fora, e essa preservação é uma luta persistente dos organizadores do Ecomuseu, responsáveis por realizar os passeios divididos em 14 estações, e no meio delas a observância dos mangues branco e vermelho, caranguejos incrustados na lama, e um rio que se junta ao mar. Ao redor de tudo, pescadores e marisqueiras.

O museu ecológico desenvolve atividades como a canoagem ambiental e o trabalho de reflorestamento junto ao grupo de estagiários. Ao percebermos que a conservação do ecossistema na Sabiaguaba é responsável pela dinâmica ambiental que interfere, por exemplo, no fornecimento da água que bebemos, bem como na produção de pescado que abastece a Capital, toda atividade para sua preservação merece ser mantida e ampliada. O reconhecimento municipal ao Ecomuseu poderá estimular a criação de convênios públicos, bem como apoio de empresas privadas, para a manutenção do local, além da realização do que lhe é mais forte: projetos educacionais e de conscientização sobre a importância do mangue para Fortaleza. 

Essa valorização também se estende aos moradores do lugar, detentores de saberes e fazeres tradicionais, e que, com o processo de conscientização, passaram a se manter verdadeiros guardiões da floresta. O tombamento como patrimônio não poderá ser uma ação apenas no papel, precisa ser o primeiro de muitos passos de uma longa caminhada, visto que a manutenção dos recursos naturais é um desafio contínuo. 

Mas basta lembrar que toda ação pública de proteção ambiental é uma responsabilidade legítima, conforme o próprio artigo 4º da Política Municipal de Meio Ambiente de Fortaleza, que tem como objetivo “a preservação, conservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento social, econômico e ambiental para os habitantes de Fortaleza, através da formação de uma rede de sistemas naturais, com foco na integração do ambiente natural e do ambiente construído”. Dado o passo inicial, cabe agora ao poder público voltar-se para o Ecomuseu, promover e apoiar os projetos científicos, artísticos e culturais ali desenvolvidos.


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