Cuidados permanentes

Apesar de ter cura, a hanseníase ainda representa um problema de saúde pública no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o País ocupa o segundo lugar no mundo quanto ao número de ocorrências da doença. Os dados mais recentes são de 2017, quando foram registrados 26.875 novos casos em território nacional.

Considerada a enfermidade mais antiga da humanidade, caracteriza-se por ser infectocontagiosa de evolução crônica, cuja manifestação acontece principalmente através de lesões na pele e sintomas neurológicos, a exemplo de dormências e diminuição da força nas mãos e nos pés. Quando descoberta e tratada tardiamente, pode trazer deformidades e incapacidades físicas.

Não sem motivo, a iniciativa intitulada Janeiro Roxo, instituída no Brasil desde o ano de 2016, busca otimizar o controle da hanseníase por meio da disseminação de informações especializadas e conscientização da população sobre a gravidade da doença. No rol de ações, está o foco na necessidade de diagnóstico e tratamento precoces, contribuindo para a redução do preconceito acerca da patologia.

No Ceará, o panorama tem sido favorável. O ano de 2020 se encerrou com 1.074 novos diagnósticos da doença no Estado, o que corresponde a uma redução de 452 ocorrências em comparação a 2019, com 1.526 casos. Em óbitos, a queda também foi significativa: de 31, em 2019, para nove no ano passado.

A despeito dos bons números, nunca é momento de retroceder no combate e prevenção da enfermidade. Por não existir proteção específica para a hanseníase, as ações a serem desenvolvidas para a redução da carga da doença incluem uma série de atividades de vigilância em saúde.

Como exemplos, é possível listar investigação epidemiológica para o diagnóstico oportuno de casos; tratamento até a cura; prevenção de incapacidades; vigilância epidemiológica e, sobretudo, educação da população a partir de dados científicos, legitimados por pesquisas e especialistas no assunto.

Durante este mês, para oferecer orientações aos cearenses acerca da patologia, a Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Ceará (SBD-CE) realiza a campanha de prevenção da hanseníase, informando, entre outras questões, que é ofertado tratamento gratuito contra o problema pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes podem, inclusive, se tratar em casa, com supervisão periódica nas unidades básicas de saúde.

Para tornar a causa ainda mais visível, a adoção do laço roxo e o compartilhamento de assuntos relacionados à temática podem alcançar ainda mais pessoas que talvez nem sequer saibam que convivem com a doença. Além dos sintomas já mencionados, existem outros: surgimento de caroços; diminuição ou ausência de sensibilidade ao calor, frio ou tato; formigamentos ou sensação de choque nos braços e pernas; entupimento nasal e problemas nos olhos. É preciso estar atento.

Diante de um momento tão tumultuado como este, de aumento do número de casos da Covid-19 em todo o País, os cuidados devem ser permanentes e abrangentes, abraçando as diversas manifestações do corpo de modo a abrir espaço para a saúde e um duradouro bem-estar de modo integral.


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