Com suas manobras de jet ski nos mares do sul, o eleito para o cargo de presidente da República faz troça, gracinha e não olha para cima no mapa do Brasil. O seu tratamento com o Nordeste sempre foi de desprezo, preconceito e desdém. Ao ignorar a tragédia em 132 municípios da Bahia, depois de 24 mortes nas enchentes, Bolsonaro age como quem renuncia a governar para uma região do país.
Apenas com gestos protocolares de alguns ministros e anúncio de valores insignificantes diante dos estragos (R$ 80 milhões), o presidente menospreza os baianos. Parece uma vingança política infantil contra o governador Rui Costa (PT).
Um comportamento que se repete desde o primeiro ano de mandato, quando deu o tom da relação com os adversários nordestinos: “Daqueles governadores de 'paraíba', o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara".
Na sua fala ignorante, o presidente atacava a todos e em especial o maranhense Flávio Dino (PSB). Usar expressões como “paraíba” e “cabeça chata” sempre fez parte do seu discurso de tiozão cafona e cheio de mungangas. Sem se falar nas lorotas e fake News que espalhou sobre o Consórcio Nordeste na sua “live” de quinta-feira durante a fase mais grave da pandemia do Coronavírus.
Apesar do preconceito mais explícito em relação à população nordestina, o desprezo do presidente vai além de todas as fronteiras e mapas. É um desprezo com a vida humana, como definiu Rui Costa. Vale para os mortos da Covid (“Eu não sou coveiro”) ou da catástrofe provocada pelos temporais na Bahia.
Feliz ano novo
Este 2021 do qual nos despedimos, leitoras e leitores, fica na poeira da história como um dos mais inclementes já vividos pelos brasileiros. Nunca morremos tanto. A fome voltou com a moléstia e até o chupa-osso (para lembrar o dicionário baiano) ficou longe do alcance da pobreza. Foi um ano com algumas feições de “O Quinze” , o livro da cearense Raquel de Queiroz. Que 2022 nos seja de travessia e esperança. Até a próxima semana.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.