É do Ceará, sim senhor, a atriz do Brasil mais famosa no mundo

Em tempos de Fernanda Torres brilhando em todo o planeta, é importante lembrar que a atriz de maior sucesso fora do Brasil, em carreira internacional, é uma cearense de Uruburetama. Saiu do Nordeste como Florinda Bulcão. Com a dificuldade dos estrangeiros para pronunciar esse “ão” do sobrenome, naturalmente adotou o nome artístico Florinda Bolkan — era assim que conseguiam chamá-la na Itália, país onde é celebrada até hoje, aos 83 anos.
A artista do Ceará atuou com astros da categoria de Marlon Brando, Richard Burton, Omar Sharrif, Kirk Douglas e Michael Caine. Entre os seus declarados admiradores, temos simplesmente o músico Ringo Starr, dos Beatles, com quem contracenou no filme “Candy”, de 1968.
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A garota de Uruburetama teve como seu fã e incentivador o cineasta italiano Luchino Visconti, com quem trabalhou em “Os Deuses Malditos”, fita clássica de 1969. Visconti, diretor mais festejado nessa época, mantinha devoção pela atriz cearense. Outro gigante da mesma cena artística, Vittorio De Sica, também se encantou com a diva.
Bolkan viveu seu auge em um período em que o grande cinema europeu menosprezava totalmente premiações norte-americanas como o Oscar — muito caretas e hollywoodianas demais na concepção do chique e sofisticadíssimo universo cinematográfico dos franceses e italianos. Essa maneira esnobe mudou um pouquinho de nada, mas continuam achando o Oscar como algo meio brega, no sentido da cafonice. Pense num povo enjoado!
O importante é que se fosse juntar os prêmios e troféus que conquistou na Europa, Florinda poderia fazer uma fileira que sairia de Fortaleza a Uruburetama, mais de 100 km de glória na estrada.
Em junho de 1998, a cearense voltou para Fortaleza, onde filmou, na função de diretora estreante, “Eu Não Conhecia Tururu”, uma ficção sobre uma família do Nordeste urbano brasileiro. O amigo Paulo Mota — de Sucesso (Tamboril) para o mundo —, lembra até agora da emoção diante de Bolkan.
Repórter da “Folha de S. Paulo”, a missão de Mota era entrevistar a conterrânea ilustre, mas ficou tão comovido quanto o gênio Fausto Nilo diante de Dorothy L'amour na tela de cinema. Um acontecimento inesquecível. A atriz estava, naquele momento, tentando recuperar as suas memórias nordestinas. Feliz da vida diante das velas do Mucuripe.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.