Treinos fechados e o blá blá blá das coletivas

O ambiente do futebol já foi lugar de uma amigável convivência e oportunidade para conhecer o esporte rei em suas entranhas.

Hoje, os inacessíveis treinadores, jogadores e burocratas trabalham de portas fechadas, dificultando a missão de quem pretende enriquecer a reportagem esportiva, trazendo fatos que possam ir além das indefectíveis entrevistas coletivas.

Sempre achamos que o excesso cometido em coberturas esportivas precisava de uma disciplina, em favor de uma obrigatória organização.

Mas, isso não tem nada a ver com o isolamento, cada vez mais acentuado entre a reportagem, os técnicos e os jogadores, matérias primas indispensáveis para uma completa cobertura.

As novas gerações de cronistas e torcedores, como em qualquer tempo, estão ávidas por conhecer em profundidade a modalidade esportiva que amam, admiram.

As equipes treinam em locais fechados como a esconder fórmulas novas e mágicas, que serão aplicadas nos jogos. É compreensível, até certo ponto.

Pós-treinos produzem a escolha de determinados jogadores para entrevistas, onde se assiste um show de obviedades.

Mais irritante no pós-jogo, quando as perguntas são protocolares, para respostas mais protocolares ainda.

É possível se ter uma morte cerebral momentânea, com o desconforto produzido por tais narrativas.

O pior é quando o jogo mostra uma coisa e os entrevistados trazem uma narrativa inteiramente diferente, numa forma de explicar o que não aconteceu.

Quando a bola rola, se assiste o mais do mesmo, raras jogadas ensaiadas em cobrança de escanteios e faltas, circulação de bola analógica em tempos do digital e nada de novidade dos misteriosos treinos de portões fechados.

Há duas semanas, um jogador do futebol paulista foi instado por um repórter sobre a ausência de bons cobradores de falta no futebol brasileiro.

Certamente, não advertido pela comunicação do clube de que a verdade deve passar longe das respostas, o jogador sapecou: “Porque não existe mais treinamentos para isso, sob a alegação de que as repetidas cobranças podem gerar contusões”.

Esse, nunca mais será escalado para as entrevistas.



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