Preconceito é máquina de moer gente

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Em comentário passado, disse de um ranço cultivado com relação a Carlos Alberto Parreira e a seleção brasileira, campeã da Copa do Mundo de 1994.

Tinha, sim, uma visão preconceituosa, por entender que deveríamos ganhar jogando bonito, e que o treinador precisava ficar na alça de mira da condenação.

O tempo passou, nem tudo ficou numa boa e afirmamos sobre a necessidade das revisões, sem que isso representasse um pedido de perdão, como nos dramalhões mexicanos.

Quando me referi à esquematização tática que contemplava a marcação e, ao mesmo tempo, a posse de bola, mencionei a semelhança, nesse caso, com as ideias de Guardiola ao armar o fabuloso Barcelona.

Para quê, meus amigos?

Houve que me julgasse capaz de jogar pedra na cruz, tamanho o sacrilégio cometido por tal comparação.

Disse mais: que o Parreira, certamente, estava enxergando um estilo de jogo mais universal e de futebol feio.

A discordância com meu ponto de vista, dentro de um novo olhar, está fundado no fato de que, a partir do tricampeonato do mundo, ficamos arrogantes, ponto de achar que ninguém era capaz de nos derrotar. Nós é que perdíamos.

Por mais que se diga o contrário, o Parreira não tinha nas mãos uma geração de craques e teve que se amoldar a essa situação.

Armou o time com duas linhas de quatro e dois atacantes enfiados (4-4-2), sistema dos ingleses, desde 1966, e ganhou a quarta copa para o Brasil.

Então, é importante que enfrentemos e debelemos os nossos preconceitos, seja em que tempo for.

Outro aspecto de preconceito velado nos foi lembrado, por ocasião da reprise de Brasil x Itália, que a televisão mostrou. Se refere a um jogador: Dunga.

Era tratado a pauladas, pela maior parte da imprensa, como símbolo do jogo defensivo. Diziam: “É um mero cabeça de área, que passa a bola, com dificuldades”.

Em certos jogos, Dunga deu mais passes que os meias e, mesmo assim, era comum se ouvir o muxoxo: “Como passa mal...”

Essa grossa mentira só serviu para reafirmar a malignidade do preconceito: o cérebro nega o que os olhos vêem.



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