O que falta ao Ceará e ao Fortaleza

Acerta em cheio quem afirmar que faltam condições, físicas, técnicas e emocionais adequadas às equipe de futebol, em todo começo de temporada. Algo muito comum.

Até atingirem preparo ideal, leva tempo. E o tempo pode levar muitas coisas, inclusive, a paciência do torcedor e o emprego do treinador.

A não ser que a receita ideal seja aquela de um ex-governador do Ceará, perguntado sobre o que deveria fazer a seleção brasileira para ganhar a Copa do Mundo de 1982, na Espanha: “É dar bastante comida e botar os homens todos para dormir cedo”.

Se essa já foi uma boa solução, não sabemos. Certeza só temos de que as coisas, hoje em dia, não são assim. Mesmo assim, reportando-se aos acontecimentos do clássico de sábado passado, pode-se dizer que a entrega dos jogadores salvou o jogo. Inclusive, de uma péssima arbitragem que colocou o jogo sob o perigo de degringolar.

No Ceará, Argel Fucks alterou a formação alvinegra, do meio para frente, fazendo entrar William Oliveira, Sóbis e Leandro Carvalho. Charles, que vinha jogando como volante parado (a definição é minha) foi colocado mais à frente e mostrou maior poder de rotatividade, embora não seja um exímio armador.

Felipe Baixola e Sóbis, tiveram a função de romper, por dentro, e não resolveram satisfatoriamente, mesmo porque as ajudas de Rogério e Leandro Carvalho estão mais para uma miragem.

Aliás, não dá para entender a paciência que o Ceará tem com Leandro Carvalho, permanentemente com raiva do mundo e atrapalhando o time.

Rick e Rodrigão foram bem utilizados, quando o Ceará pressentiu que os contra-golpes foram pedidos no jogo.

O Fortaleza, a exemplo do Ceará, fez uma partida com um balanço, alternando entre momentos de dificuldades e um volume maior de jogo.

A jogada de maior efeito era através de Osvaldo e a projeção de Carlinhos, pelo lado esquerdo. Juninho e Felipe fizeram o mesmo trabalho de articulação no meio-campo, apesar da presença de Mariano Vasques como meia-esquerda. Esse último foi responsável pela jogada que redundou no maravilhoso gol de Osvaldo, no segundo tempo.

Nas idas e vindas, do meio para a direita, Romarinho só pontificou no segundo tempo.Wellington Paulista tem sido um maior abandonado como centroavante. Ederson entrou com disposição e teve, numa dividida com Prass, a melhor oportunidade, do segundo tempo, depois do gol de Osvaldo.

O primeiro tempo do clássico foi pobre e restrito a dois acontecimentos: o gol de cabeça de Klaus, para o Ceará, e uma falta cometida desse jogador sobre Osvaldo, em que merecia ser expulso.

Na segunda etapa, o jogo foi só coração, e aí o Ceará esteve mais perto de ganhar: Sóbis acertou uma na trave, Rick ainda colocou a bola para dentro, depois que o árbitro impediu uma jogada legal, e Vinicius perdeu a penalidade, defendida por Felipe Alves.

De resto, mesmo as mais prosaicas jogadas, de lado a lado, foram feitas com muita dificuldade por jogadores pilhadíssimos. O clima esteve carregado.