E por falar em morte...

Coluna de Wilton Bezerra deste sábado (28)

Foto: Reprodução

Se acalme. Não é conversa de assombração.

Vivemos tentando engabelar a morte. Procuramos negociar com "a mais indesejada das gentes", permanentemente.

Mesmo sabendo que o desfecho não será o desejado, o objetivo é permanecer um "tantinho" a mais entre os viventes.

Tal qual um velho sacerdote, já com a passagem só de ida, aconselhado por um arcebispo: "Deus deseja a sua companhia".

Arquejante, o padre respondeu: "Mas, aqui, na terra, tá tão "bonzim".

Quantas vezes delirei: "Quando a morte chegar, não vai me reconhecer. Vai que eu escapo".

Já falei em crônicas passadas que não preciso de intermediário. Com a morte, já me acertei.

Como Gontardo Callegaris, filósofo: "Só espero estar à altura deste momento”.

Vejam o que ouvi sobre a morte recente de um cronista que faleceu, subitamente, vítima de enfarto: "Uma boa morte. Morreu dormindo".

E tem "morte boa" à  disposição no último lance de nossa vida?

Por uns escritos que li, soube que Ariano Suassuna falava da morte como a Moça Caetana, de tocaia, pronta para dar o bote e levá-lo.

As tragédias de sua família, o assassinato do pai, o levaram a  pensar na Caetana todas as horas do dia, lendo os sinais de sua chegada.

Viveu até quase 90 anos, negociando com a Caetana.

De lampejos da morte, basta.

Não sei porque escrevo sobre assunto pouco palatável. Só sei que escrevo.

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