Desconfiado do mau humor das coronárias, procuro exercitar a memória em busca de beleza.
No futebol, um assunto que já abordamos, em várias oportunidades, é o drible a mais bela manifestação da arte de jogar.
Enganam-se os que o veem como um luxo, desnecessário e supérfluo, usado apenas para enfeitar e, muitas vezes, humilhar.
Nada disso. O drible e a ginga são armas únicas para desmontar os mais rígidos esquemas defensivos do jogo.
Basta perguntar sobre Garrincha, o maior ponta direita que o Mundo conheceu, por ocasião de duas Copas – 58 e 62 .
Na primeira, o melhor da posição. Na segunda, o maior jogador da competição no Chile.
Foi batizado pelo irmãos de Garrincha, nome de um pássaro, sendo em sua carreira o jogador que deu mais alegria na história do futebol.
Esse registro seria o suficiente para explicar o significado do drible para o futebol brasileiro.
Mas, serve, também para dizer que, por essas bandas, as pessoas têm uma mania de jogar as coisas belas para o abismo, sem se dar, sequer, ao trabalho de se curvar e olhar se elas morreram.
O drible está em falta, logo no país onde é mais apreciado e necessário.
O que me chamou a atenção para abordá-lo foi uma matéria na internet sobre o jogo Brasil x Venezuela, com o seguinte destaque: “Quando o drible cessou, o time travou”.
O drible é o antídoto para o horror do jogo feio, a poesia dentro do futebol.
O drible fora de hora é malandragem errada, afinal de contas, além de afirmação de talento, o único meio para quebrar ferrolhos e retrancas das defesas hermeticamente lacradas.
Por isso, o meu berro: “Dribla, Brasil”!