Dirigentes feitos de lama

O coronavírus abreviou, de quatro para dois anos, a prisão de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, numa penitenciária dos Estados Unidos.

Imagina-se que tenha sido o ato final da nefasta ação dos dirigentes brasileiros que enlamearam o futebol mundial.

O primeiro foi João Havelange que, indo mais longe, não inaugurou a corrupção no futebol, mas sem sombra de dúvidas foi ele, na FIFA,  quem “modernizou” a propinagem e os desvios milionários nos negócios da entidade.

Saiu pelas portas dos fundos, totalmente desmoralizado, renunciando à presidência de honra da entidade, e ainda tendo que fazer acordo com a justiça suíça para não cumprir prisão.

Afastado do Comitê Olimpico Internacional, do qual era membro, Havelange teve seu nome retirado do prédio da CBF e do estádio Engenhão no Rio.

Quando de sua morte, no período das Olimpiadas no Brasil, em 2016, a família olímpica, reunida no Rio, disse: “Não temos nada a ver com este senhor”.

Imperial e rancoroso, Havelange morreu aos 100 anos de idade depois de ter encharcado de lama o futebol do mundo.

A seguir, em voo menor, veio Ricardo Teixeira, ungido ao comando da CBF por ser genro de João Havelange, mesmo porque, também, a exemplo do “sogrão”, nunca chutou uma bola.

O “Ricardão”, mesmo sobrevivendo a uma CPI (por razões óbvias) em 2012, foi obrigado a “puxar o carro” em razões de investigações internacionais por grossa corrupção.

Também, fez acordo com a justiça suíça para não ser engaiolado. Procurado no mundo todo, vive hoje escondido no Brasil, onde se vangloria de que, aqui, "ninguém mexe com ele".

Aproveitando-se da prisão de José Maria Marin, assumiu a presidência da CBF mais um filhote da corrupção – Marco Polo Del Nero – hoje, banido do futebol pela FIFA, enrolado por grandes trapaças.

Ainda assim, usou do seu podre poder para eleger o atual presidente da milionária entidade brasileira, celeiro da alta gatunagem futebolística.

É difícil entender porque pessoas abrem mão da própria existência para ganhar, desonestamente, fortunas que não terão tempo de vida para gastá-las.

Certamente, ninguém chorou, ou chorará, pela desgraça desses honoráveis patifes esculpidos com lama.



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