Cartolas brasileiros entendem mesmo de futebol?

Confira análise do comentarista Wilton Bezerra

Legenda: Cartola Galiotti questionou o estilo de jogo de Luxemburgo
Foto: Fábio Menotti/ SE Palmeiras

Na dispensa de Vanderlei Luxemburgo, da direção técnica do Palmeiras, o cartola alviverde Maurício Galiotte afirmou que o treinador não se encaixava mais no estilo de jogo que o seu time precisava.

Ora, se o Galiotte sabe como o Palmeiras deve jogar, por que ele próprio não assume a direção técnica da equipe?

Cartola, é bom sempre lembrar, foi um termo cunhado por Gentil Cardoso, lendário e folclórico treinador brasileiro, para designar dirigente.

O chefe dos terreiros de macumba, o manda-chuva desses espaços, é denominado de Cartola, e foi, daí, que Gentil tascou essa definição.  

Mas, voltando ao assunto dirigente-futebol-treinador no Brasil, a nossa mania de prestigiar mais o que é de fora está a todo vapor, vide a substituição do Luxa no Porco.

O técnico tem que ser de fora, trazendo, portanto, um olhar estrangeiro, que possa modernizar esquemas e conceitos.

De repente, quem dirige, à borda do campo, equipes de futebol, virou, em nosso país, uma espécie de “lixo atômico”;  poucos aceitam proximidade dele.

Os medalhões, que não são poucos, ficam rejeitados e, se carregam alguma medalha de conquistas passadas, estas devem ser derretidas, em nome da modernização do jogo.

Num tempo em que o Ceará foi “arrendaddo” a três empresários de jogadores (durou pouco a experiência), discutia-se a contratação de um treinador de fora.

Em dado momento, um desses empresários, investido da condição de cartola, fez, no contato telefônico, uma indagação ao treinador que estava sendo pretendido pela maioria:  “Você só joga no 3-5-2”?

Do outro lado da linha a resposta: “Uso outros esquemas, mas dou preferência ao 3-5-2”. Algum  problema?”

O Cartola, com toda a empáfia, e se passando por um entendido na matéria, encerrou o papo, secamente: “Não nos serve, tchau”.

Pelo visto, o ambiente esportivo continua permeado pela cartolagem, que não para de fazer suas vítimas.