Quando os amigos me perguntam se está tudo bem, costumo responder: "Aparentemente".
"Por que esse pessimismo, WB?", prosseguem.
Ora, o sofrimento alheio nos atinge, porque fazemos parte da humanidade. Fácil de entender.
Como pode ir tudo bem?
Além da fome, as intempéries fazem o brasileiro sofrer mais do que pé de cego em estrada nova.
Começa que a pobreza nesse País tem cor. E nem precisa perguntar aos universitários que cor é essa. Toda criança sabe.
A sucessão de desastres ambientais com mortes vai se naturalizando. Basta cair muita água do céu que todo ano tem.
Edificações em locais inseguros e insalubres são erguidos à revelia de qualquer planejamento.
Basta dizer que são quatro milhões de pessoas que moram em pontos mapeados pela Defesa Civil Nacional, como de altíssimo risco para desastre.
O impacto da chuva forte só revela o descaso de quem governa.
Cabe aos pobres moradores empreenderem rota de fuga, com muito pau e pedra pelo caminho.
Quem é rico mora na praia. Quem é pobre ocupa a encosta da serra.
Não vai tudo bem, não. Nem aparentemente.