Por que o Voa Brasil, que promete passagens a R$ 200, não vai decolar

Programa que vem sendo prometido e costurado há um ano deverá ter resultado decepcionante

Foto: Diário do Nordeste

Mesmo antes de nascer, o programa Voa Brasil parece fadado à insignificância. Concebido pelo Governo Federal para baratear passagens aéreas, em um contexto no qual viajar de avião está para lá de caro, ao que tudo indica, o projeto será uma peça quase ficcional.

O cerne do programa, desde que foi anunciado, em março de 2023, seria baixar os preços dos bilhetes e isso, na prática, não será alcançado - o que já seria suficiente para questionar a própria existência de tal medida.

Sem solução para passagens caras

O Governo não tem gestão sobre preços de passagens aéreas. Esse mercado é livre e privado, e as companhias não têm motivos concretos para deflacioná-lo, sem que haja contrapartidas financeiras via subsídios.

Por sua vez, o Planalto não vai abrir os cofres para viabilizar a promessa petista de tornar as viagens de avião mais acessíveis. Após muitos adiamentos, a solução encontrada para não enterrar o programa - daquelas bem tupiniquins - foi criar uma espécie de agregador de voos baratos e destiná-los a públicos prioritários.

No entanto, esses voos com preços mais baixos (de até R$ 200 o trecho), já existem, embora sejam raros. Pelo que se diz nos bastidores, diante do fracasso das negociações, o programa apenas criará uma plataforma para tentar reservá-los e beneficiar aposentados e estudantes do Prouni.

Trata-se de mais uma medida com cheiro de mofo, que emula as gestões Lula 1 e 2, quando as viagens aéreas passaram a se popularizar na Classe C. À época, com o crescimento da economia nacional e o avanço de programas de distribuição de renda, o acesso a essa tipo de viagem disparou, revolucionando o mercado doméstico. Isso acabou virando uma das marcas daquela gestão.

Ressalte-se, porém, que, àquela época, não houve qualquer programa para baratear passagens. O maior acesso aos aeroportos foi alcançado após o ganho considerável de renda de parte da população. Mas os tempos são outros.

Apelo nostálgico

Algo semelhante foi tentado no ano passado, com o projeto que barateou carros zero km e durou apenas pouco mais de um mês. Nos idos das primeiras empreitadas do PT na presidência, o barateamento de carros mediante redução de impostos federais era medida constante. Mas, de novo, os tempos são outros.

Retomar temáticas e ações bem-sucedidas no passado e simplesmente tentar ressuscitá-las nos tempos de hoje, com o interesse de despertar na população uma nostalgia vazia, mostra além de imensa falta de criatividade política, um descompromisso com a real solução de problemas e um paralelo afeto com pautas pouco efetivas e meramente populistas.



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