Nordeste avança em governança de dados, mas infraestrutura ainda é gargalo

Estudo com 65 empresas revela estágio emergente de maturidade em dados na região

Escrito por
Victor Ximenes producaodiario@svm.com.br
Legenda: A LGPD entrou em vigor em setembro de 2020.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As empresas do Nordeste estão em uma fase de transição em sua jornada de maturidade em dados, revela um levantamento inédito da beAnalytic com 65 organizações da região, ao qual o Diário do Nordeste teve acesso com exclusividade.

A pesquisa mapeou seis pilares estratégicos – Infraestrutura, Qualidade, Ferramentas, Análise, Gestão da Informação e Governança – e aponta que o ecossistema corporativo nordestino está entre os níveis emergente e competitivo de maturidade.

O destaque do estudo é o avanço no pilar de Governança de Dados, onde 64,6% das empresas atingiram o nível mais alto de maturidade. O principal fator por trás desse resultado é a conformidade regulatória, impulsionada pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Apesar disso, outros pilares fundamentais, como infraestrutura tecnológica e integração de sistemas, seguem como gargalos para a evolução analítica.

“As organizações do Nordeste deram um salto importante em governança, mas o desafio agora é ampliar o controle para todo o ciclo de vida dos dados, da coleta à análise”, afirma Daniel Luz, CEO da beAnalytic.

Ranking de Maturidade em Dados – Nordeste (2025)

Com base nas médias gerais de cada estado, a beAnalytic elaborou uma classificação regional da maturidade em dados:

  • 1º Pernambuco – Média: 2,79 | Quadrante: Emergente alto
  • 2º Rio Grande do Norte – Média: 2,58 | Quadrante: Emergente alto
  • 3º Ceará – Média: 2,39 | Quadrante: Emergente
  • 4º Bahia – Média: 2,35 | Quadrante: Emergente
  • 5º Maranhão – Média: 2,33 | Quadrante: Emergente
  • 6º Paraíba – Média: 2,17 | Quadrante: Emergente inicial

Infraestrutura ainda trava expansão analítica

O levantamento mostra que 46,2% das empresas ainda operam com infraestrutura emergente, em ambientes funcionais, porém pouco escaláveis. Outros 29,2% mantêm estruturas tradicionais, com dados dispersos e sistemas desconectados. Isso compromete diretamente a confiabilidade das informações e o tempo de resposta na tomada de decisões.

Em contrapartida, áreas estratégicas além do setor de TI vêm assumindo protagonismo na agenda de dados. O estudo mostra que 45% dos respondentes atuam em departamentos Administrativo e Financeiro, enquanto apenas 5% pertencem à área de Tecnologia da Informação, o que sinaliza que os dados já fazem parte do núcleo das decisões corporativas.

Outro dado relevante: 32,3% das empresas estão em estágio maduro no uso de ferramentas analíticas, indicando uma abertura crescente ao uso de Business Intelligence (BI) e analytics preditivo.

Gestão da Informação: o pilar mais frágil

O pilar com o menor índice de maturidade é Gestão da Informação, com 87,7% das empresas ainda em nível emergente. Os dados seguem geridos de forma fragmentada, por área, sem compartilhamento entre equipes – o que impede uma visão integrada do negócio.

Segundo o CEO da beAnalytic, a prioridade agora é investir em infraestrutura moderna, automação de processos e capacitação analítica, para que a região possa transformar seu potencial em vantagem competitiva.