Fiec critica Selic a 15%: "Custo inaceitável para indústria do Ceará"
Em nota, Federação alerta para "efeitos colaterais profundos" da medida

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros (Selic) para 15% ao ano gerou forte reação da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (19), com assinatura de seu presidente Ricardo Cavalcante, a entidade enfatizou que o patamar dos juros provoca um “custo inaceitável” para o setor produtivo.
O impacto para o Ceará, argumenta a Federação, se dá de maneira mais aguda, pois "as indústrias cearenses enfrentam maiores desigualdades estruturais e dificuldades no acesso ao crédito".
A nota chama atenção para os "efeitos colaterais profundos" da medida, como a retração de investimentos, a paralisação de projetos, o fechamento de linhas de produção e o aumento do desemprego no setor industrial.
Leia a nota na íntegra
"A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) manifesta profunda preocupação com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa Selic para 15% ao ano.
Trata-se de um dos níveis mais elevados da história recente do Brasil, que impõe um custo inaceitável para a produção industrial e penaliza especialmente as indústrias do Ceará, que enfrentam maiores desigualdades estruturais e dificuldades no acesso ao crédito.
A justificativa de combate à inflação é fundamental, porém não pode ignorar os efeitos colaterais profundos desse aperto monetário: retração de investimentos, paralisação de projetos, fechamento de linhas de produção e aumento do desemprego no setor industrial.
A política monetária e a política fiscal são complementares e precisam estar alinhadas. Se, por um lado, a política monetária busca o controle inflacionário, por outro, a política fiscal não apresenta controle das contas públicas, operando com déficits constantes e aumento da relação dívida pública/PIB.
O setor produtivo não pode continuar sendo o fiador do ajuste econômico do país. A taxa Selic de 15% ao ano coloca o Brasil em uma posição completamente descolada do restante do mundo, onde os juros reais estão em trajetória de queda. Além disso, compromete a previsibilidade necessária para que o setor privado possa planejar investimentos de médio e longo prazo, especialmente aqueles voltados à inovação, sustentabilidade e geração de emprego formal.
A FIEC reitera a importância do compromisso com o controle inflacionário, mas alerta que não se constrói uma nação competitiva sacrificando a produção e o emprego. É preciso uma política monetária mais equilibrada e uma política fiscal responsável, que juntas promovam a retomada do crescimento industrial e atendam à urgência da reindustrialização do país.
Fortaleza, 19 de junho de 2025.
Ricardo Cavalcante
Presidente da FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará"