Vamos fazer nossa caminhada reflexiva da semana?
Escuto muitos dizerem que todo mundo julga todo mundo. Isso pode até ser verdade, mas que cabe algumas reflexões, cabe sim.
O termo JULGAMENTO vem do latim JUDICARE, formado por JUS, “lei, direito”, mais DICERE, “dizer, falar”. Poderíamos, numa tradução livre, dizer que é o “direito de falar”, dizer, expressar.
É muito comum, e parecendo até natural, estando numa roda de amigos, conhecidos ou mesmo familiares, ouvir comentários, e julgamentos, sobre atitudes e acontecimentos da vida de outrem que não estão ali presentes.
O olhar crítico, analítico, será aceitável e até recomendável se o objetivo for tirar lições e aprendizados para o próprio crescimento pessoal, a partir das situações vividas por aqueles.
Como diz o provérbio chinês: “O burro nunca aprende. O inteligente aprende com sua própria experiência e o sábio aprende com a experiência dos outros”. Quando o foco da conversa é a mensagem e não o mensageiro, pode ser muito proveitoso.
Quando alguém julga, assumindo posições e pareceres pessoais, mesmo sem ter certeza da veracidade comprovada dos seus argumentos, acaba expondo a pessoa, sob o olhar de condenação, denegrindo, e até mesmo fazendo pilhéria, piada, sobre aquele outro ser humano. Esses dificilmente tirarão alguma lição para si.
A maioria das pessoas está habituada a “falar da vida alheia” ou “fofocar”. Sem se dar conta de que existem objetivos e repercussões ocultas. Uma delas é tirar o foco de si, evitando, assim, se expor e confrontar-se com seus próprios defeitos e aspectos a serem melhorados. Pois incomoda e, porque não dizer, traz sofrimento.
Então é preferível ficar na zona de conforto da ignorância sobre si mesmo. Pelo menos até que surjam os problemas e conflitos consigo e com os outros. O que podemos concluir é que a estratégia inconsciente de “defesa” para evitar sofrimentos, inevitavelmente, não se sustentará por muito tempo e trará mais sofrimentos num futuro próximo.
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Diz Leonardo Boff que “todo ponto de vista é a vista de um ponto. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam”. Dessa forma, dependendo de onde a pessoa esteja, verá de um ângulo particularmente seu, distinto do de outros que, por estarem em diferentes posições, verão noutras perspectivas, que não necessariamente esgotarão ou indicarão a verdade absoluta. Serão apenas diferentes, mas não necessariamente a verdade.
Outro aspecto é que, quando você vive a fazer julgamentos sobre os outros, tenderá a sofrer com a possibilidade do julgamento alheio sobre si, o que pode lhe dificultar assumir posições e atitudes que possam desagradar. Como também acabará passando por cima de si para agradar a esses outros, independentemente de serem próximos ou distantes.
Veja que esse modo de viver lhe faz refém, prisioneiro do que possam falar ou fazer diante do que você pensa e/ou faz, ou possa fazer.
Cabe aqui lembrar o respeito que precisamos ter pelo outro ser humano e suas experiências de vida. Urge experimentarmos a compaixão. Esse sentimento piedoso de simpatia para com o sofrimento, ou mesmo uma tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-lo.
Se a pessoa agiu assim ou assado, está relacionado com a sua história, com o seu passado que o influencia no presente. Cabe lembrar e ter a humildade de reconhecer-se também como humano, sendo luz e sombra, como aquele que está no foco do julgamento.
Somente abrindo mão de julgar o outro ou os comportamentos desse, você se libertará do peso que também dá ao julgamento de terceiros sobre si.
Estamos chegando ao final de nossa caminhada de hoje. Quero lhe fazer um convite: veja se pode assumir o compromisso, durante uma semana, de identificar quando está julgando alguém ou uma atitude dela. Para e pensa: posso desistir de julgá-lo? Veja como se sente nestes momentos. Que benefícios lhe traz. É somente uma semana de experiência.
Gratidão pela companhia!
Paz e bem!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.