Uma Copa Mundial banho-maria
Leia a coluna de Tom Barros

A experiência da FIFA, realizando a Copa do Mundo de Clubes, ainda não decolou. Pode ser que alcance alguma consistência a partir da próxima fase. Até agora, nada demais, nada de novo. Nenhuma empolgação. Uma competição morna, longe do que a princípio se imaginava.
A inovação da FIFA ainda pode empolgar. Vai depender muito do cenário nas etapas seguintes. Jamais, porém, poderá ser comparada a uma Copa do Mundo de seleções. Explico. Na Copa do Mundo de seleções os países torcem por sua representação. Na Copa de Clubes os interesses são difusos.
No Mundial de seleções os países se ornamentam. As ruas são enfeitadas com bandeirinhas, faixas e outras motivações. Os asfaltos são pintados nas cores de sua identidade. Uma festa. Os trabalhos são suspensos na hora do jogo. Há toda concentração na participação do país.
Na Copa do Mundo de Clubes, que aí está, nada disso acontece. Queira Deus que ainda haja condições favoráveis a uma empolgação. Por enquanto, deixa correr para ver no que é que dá.
Cidade
Em 1990, fui cobrir a Copa do Mundo da Itália. A base da Verdinha ficou em Turim. Um deslumbramento. A cidade toda ornamentada nas cores da bandeira italiana: verde, branco e vermelho. A torre “Mole Antonelliana”, com 167 metros de altura, parecia um troféu gigante. Show.
Depois
Em 1992, dois anos após a Copa do Mundo, voltei a Turim. Quando desembarquei, parecia estar numa outra cidade. O ar de festa de 1990 transformou-se em um ambiente sisudo. A cidade de Turim continuava linda, mas lhe faltava o ambiente festivo de uma Copa do Mundo. É diferente.
Semelhante
O mesmo aconteceu com Munique, na Alemanha. Estive lá na Copa de 2006. A cidade em festa. Bandeiras dos países participantes espalhadas pela cidade. Em 2008, voltei a Munique. A Estação Ferroviária, a “Müchen Hauptbahnhof”, que antes parecia um santuário do futebol, estava lá, bela, mas lhe faltava o espírito da Copa.
Diferente
A Copa do Mundo de Clubes ainda pode empolgar. Mas, pelas imagens que tenho visto, não há como comparar com as apoteóticas Copas do Mundo de seleções. No Brasil as torcidas são divididas em quatro: Flamengo, Palmeiras, Botafogo e Fluminense. Nas Copas do Mundo de seleções, a torcida brasileira é única.
Realidade
Parece até que estou de má vontade com a inovação da FIFA, mas não estou. Se a competição decolar tal como uma Copa do Mundo de seleções, humildemente reconhecerei. E farei aqui elogiosos registros. Por enquanto, porém, tudo permanece em banho-maria. Água morna mesmo.